Essa foi uma semana marcada por conflitos. Na turma tem dois meninos que, ultimamente, vivem com divergências, brigam, implicam, provocam um ao outro. Essas divergências estão começando a gerar ressentimentos. Venho fazendo intervenções através do diálogo, eles não sabem dizer o motivo de suas atitudes, apenas jogam a culpa um no outro, mas reconhecem que estão agindo errado e se comprometem a cumprir nossas combinações. No entanto, no outro dia, tudo recomeça.
Lembrei das interdisciplinas de Filosofia e Psicologia II , quando refletimos sobre os conflitos, sobre a importância de lidar com os conflitos de forma positiva,através do diálogo com intervenções e questionamentos que podem ser oportunidades para mudança de comportamento. Quando agimos por impulso, por exemplo, dando um castigo para cada um sem fazer com que pensem sobre o por que agiram dessa ou daquela forma, estaremos mantendo o desrespeito entre eles, isso poderá gerar mágoa ou insegurança, e na primeira oportunidade a criança poderá expressar essa raiva de alguma forma. Ao contrário, quando oportunizamos a reflexão sobre seus atos, a criança é estimulada a falar sobre seus sentimentos, aprendendo a analisar a situação a sua volta.
Normalmente, quando uma criança ou um jovem tem necessidade de chamar a atenção com atitudes agressivas ou rebeldes é porque estão precisando de ajuda. O educador precisa ter a sensibilidade para perceber isso e transformar o conflito em uma oportunidade do aluno reconhecer a si mesmo e modificar sua forma de agir.
A mediação de conflitos pode melhorar a qualidade da convivência na escola, baseada no diálogo, possibilitando o desenvolvimento da cooperação entre a comunidade escolar, incentivando a boa convivência, a solidariedade, o respeito, a tolerância, ou seja, práticas de convivência fundamentais na formação do ser humano
É necessário refletir sobre os conflitos existentes no dia-a-dia para que as intervenções que serão feitas possibilitem à criança construir valores e regras, ou seja, as intervenções decorrentes dos conflitos podem trazer conseqüências significativas na formação moral das crianças.
Segundo a teoria de Piaget é por meio dos conflitos que o processo de equilibração ou auto-regulação é desencadeado.
O que observo na prática é que os conflitos são vistos como prejudiciais ao bom desenvolvimento das relações entre alunos e professores e procura-se resolve-los através do uso de autoridade sem reflexão, da criação de regras impostas, da punição ou da transferência para a família ou especialistas. No entanto, os conflitos podem ser oportunidades para que os valores e as regras sejam trabalhados, já que são naturais nas relações entre os sujeitos.
"Seria importante a escola inserir em seu contexto o respeito pelo processo de desenvolvimento moral, não tachando mais certos comportamentos como violentos, mas como características de uma determinada fase da construção da autonomia da criança, pois, para que o sentimento de justiça se desenvolva, são necessários o respeito mútuo e a solidariedade entre as crianças e os adultos."
(trecho retirado do texto Significações de violência na Escola: Equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança? de Jaqueline Picetti, estudado na interdisciplina de Desenvolvimento e Aprendizagem sob o enfoque da Psicologia II)
segunda-feira, 21 de junho de 2010
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Um comentário:
Olá, Ligia:
Tua reflexão é muito relevante, porque é exatamente questionando a atitude do aluno, prestando atenção em sua demanda que é possível a mudança.
Grande abraço, Anice.
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