segunda-feira, 21 de junho de 2010

Conflitos

Essa foi uma semana marcada por conflitos. Na turma tem dois meninos que, ultimamente, vivem com divergências, brigam, implicam, provocam um ao outro. Essas divergências estão começando a gerar ressentimentos. Venho fazendo intervenções através do diálogo, eles não sabem dizer o motivo de suas atitudes, apenas jogam a culpa um no outro, mas reconhecem que estão agindo errado e se comprometem a cumprir nossas combinações. No entanto, no outro dia, tudo recomeça.
Lembrei das interdisciplinas de Filosofia e Psicologia II , quando refletimos sobre os conflitos, sobre a importância de lidar com os conflitos de forma positiva,através do diálogo com intervenções e questionamentos que podem ser oportunidades para mudança de comportamento. Quando agimos por impulso, por exemplo, dando um castigo para cada um sem fazer com que pensem sobre o por que agiram dessa ou daquela forma, estaremos mantendo o desrespeito entre eles, isso poderá gerar mágoa ou insegurança, e na primeira oportunidade a criança poderá expressar essa raiva de alguma forma. Ao contrário, quando oportunizamos a reflexão sobre seus atos, a criança é estimulada a falar sobre seus sentimentos, aprendendo a analisar a situação a sua volta.
Normalmente, quando uma criança ou um jovem tem necessidade de chamar a atenção com atitudes agressivas ou rebeldes é porque estão precisando de ajuda. O educador precisa ter a sensibilidade para perceber isso e transformar o conflito em uma oportunidade do aluno reconhecer a si mesmo e modificar sua forma de agir.
A mediação de conflitos pode melhorar a qualidade da convivência na escola, baseada no diálogo, possibilitando o desenvolvimento da cooperação entre a comunidade escolar, incentivando a boa convivência, a solidariedade, o respeito, a tolerância, ou seja, práticas de convivência fundamentais na formação do ser humano
É necessário refletir sobre os conflitos existentes no dia-a-dia para que as intervenções que serão feitas possibilitem à criança construir valores e regras, ou seja, as intervenções decorrentes dos conflitos podem trazer conseqüências significativas na formação moral das crianças.
Segundo a teoria de Piaget é por meio dos conflitos que o processo de equilibração ou auto-regulação é desencadeado.
O que observo na prática é que os conflitos são vistos como prejudiciais ao bom desenvolvimento das relações entre alunos e professores e procura-se resolve-los através do uso de autoridade sem reflexão, da criação de regras impostas, da punição ou da transferência para a família ou especialistas. No entanto, os conflitos podem ser oportunidades para que os valores e as regras sejam trabalhados, já que são naturais nas relações entre os sujeitos.
"Seria importante a escola inserir em seu contexto o respeito pelo processo de desenvolvimento moral, não tachando mais certos comportamentos como violentos, mas como características de uma determinada fase da construção da autonomia da criança, pois, para que o sentimento de justiça se desenvolva, são necessários o respeito mútuo e a solidariedade entre as crianças e os adultos."
(trecho retirado do texto Significações de violência na Escola: Equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança? de Jaqueline Picetti, estudado na interdisciplina de Desenvolvimento e Aprendizagem sob o enfoque da Psicologia II)

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Olá, Ligia:

Tua reflexão é muito relevante, porque é exatamente questionando a atitude do aluno, prestando atenção em sua demanda que é possível a mudança.

Grande abraço, Anice.