sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Análise da minha prática em relação à avaliação

Quando iniciei meu trabalho há 24 anos atrás, tive uma formação onde a avaliação era unicamente baseada em testes e provas e descontextualizada do cotidiano escolar, ocorrendo apenas ao final de cada bimestre. A avaliação era classificatória, pois servia para “medir” aquilo que os alunos deveriam memorizar e devolver na prova.
Ainda hoje vejo isso acontecendo na escola, ou seja, a avaliação usada como forma de poder, de controle do professor sobre a vida escolar do aluno.
Realizo a avaliação de aprendizagem de meus alunos no dia-a-dia, através da observação do desenvolvimento de sua aprendizagem, se sua maneira de pensar, de suas habilidades, procurando sempre questionar, desafiar e compreender a maneira como cada criança pensa e utiliza sua criatividade para resolver os desafios. No final de cada trimestre, faço a construção dos pareceres descritivos sobre meus alunos, levando em conta aspectos positivos, aquilo que conseguiram desenvolver durante o trimestre, mostrando sempre um crescimento, ou seja, procuro expressar suas dificuldades e ressaltar suas habilidades.
Tenho encontrado muitas dificuldades para realizar a avaliação das crianças com necessidades educacionais especiais, pois não tenho conhecimento suficiente para compreender suas limitações e o que seria melhor para desenvolver suas potencialidades.
Utilizo os resultados dos trabalhos realizados no dia-a-dia para entender em que níveis de pensamento sobre a escrita estão meus alunos e fazer a mediação, propondo atividades e desafios que façam com que o aluno avance em seu nível de pensamento sobre a escrita, chegando a uma escrita alfabética.
Posso aperfeiçoar minha prática pedagógica em relação à avaliação, principalmente, procurando respeitar as diferenças e lembrando sempre que nem todos aprendem a mesma coisa ao mesmo tempo. É importante respeitar o tempo de cada aluno e compreender que o processo de avaliação contínua pode ajudar esse aluno a perceber seus erros e entende-los como forma de melhorar seu processo de aprendizagem, permitindo também ao professor um planejamento flexível e diversificado, preparando auxílios e apoios de diversos tipos para seus alunos.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

De face com a EJA

Realizamos um trabalho onde tínhamos como objetivo, após o embasamento teórico, observar uma prática de Alfabetização de Jovens e Adultos em espaço escolar e a partir daí refletir sobre as possíveis relações entre teoria e prática

A pesquisa foi realizada com uma turma de 6ª série de Jovens e Adultos.
Após as leituras e a observação prática, percebemos que:
*A maioria dos professores possui graduação e pós-graduação, ou seja, possuem formação e ainda assim realizam um trabalho centrado no professor, pois não levam em conta os saberes dos alunos, planejando sem pensar em estratégias e conteúdos voltados para a identidade desses sujeitos.
Ainda quanto ao planejamento a maioria dos professores retira atividades da internet ou de revistas para professores e utiliza folhas xerocadas como principal recurso. Não há um embasamento teórico, o que é fundamental, é importante definir qual é a concepção de conhecimento que norteia o trabalho do professor. De acordo com Marta Kohl de Oliveira “Em relação à aprendizagem é importante considerar que o adulto traz consigo diferentes habilidades e dificuldades (em comparação com a criança) e, provavelmente, maior reflexão sobre seus próprios processos de aprendizagem”.
Para Paulo Freire “é necessário basear um trabalho que parta da realidade e dos interesses do aluno, bem como vise à sua conscientização e autonomia.”

*Em relação à avaliação, predomina uma avaliação classificatória, baseada em provas, ainda que com consultas. O trabalho em sala de aula é individualizado, apesar do diálogo e das trocas entre os professores e alunos, ainda não é um trabalho baseado na aprendizagem cooperativa. Ainda se acredita que o conhecimento ocorre da maneira igual para todos, desconsiderando diferenças culturais, especificidades de faixa etária, pensamento e experiências de cada um.
Acreditamos que falta a interação, onde os alunos aprendam a argumentar, respeitar pontos de vista diferentes dos seus e colaborar uns com os outros, pois essa troca de experiências gera a cooperação, que desenvolve a autonomia e permite ao aluno ser sujeito ativo na construção do seu processo de aprendizagem.
Falta também maior autonomia dos professores, já que os mesmos fazem parte de instituições submetidas à ideologia política, econômica e empresarial de cada momento histórico.
Finalmente a proposta de trabalho com a EJA deve ir muito além da memorização. De acordo com Regina Hara “O ato de escrever é indissociável da função expressiva e comunicativa da escrita, e, portanto das coisas do mundo, do que há para expressar e comunicar na vida”.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A consciência fonológica

Trabalho com alfabetização há muito tempo e durante muito tempo trabalhei com textos descontextualizados, frases sem significado, ensinando relações entre sons e letras e famílias silábicas. Isso não foi errado, nem é desnecessário, mas hoje entendo que esse trabalho levava a criança somente a descoberta do funcionamento do código escrito. Faltava levar a criança à compreensão das finalidades e dos usos da língua escrita.
Por isso hoje procuro trabalhar de forma a equilibrar esses objetivos, ou seja, levar a criança à descoberta do funcionamento do código escrito e identificar os diferentes usos e funções da escrita, através do letramento, com diferentes tipos de textos e textos reais, que fazem parte das vivências das crianças
Trabalhar com diferentes tipos de textos, contextualizados é importante,pois as crianças precisam desse contato para compreenderem o tipo de linguagem utilizada em cada um e também para aperfeiçoar as produções textuais, observando a coerência e a coesão necessárias. Aí é importante a intervenção da professora, fazendo questionamentos e sugerindo recursos variados de coesão.
A consciência fonológica é a habilidade de perceber a estrutura sonora de palavras. O trabalho com textos como poesias, músicas, parlendas e trava-linguas auxiliam no desenvolvimento da consciência fonológica desde que o professor faça intervenções que possibilitem à criança fazer reflexões sobre a leitura e a escrita.
De acordo com Magda Soares consciência fonológica é ter consciência de que a língua é som e isso não é fácil, pois normalmente prestamos atenção ao sentido da palavra e não ao aspecto sonora. Essa semana trabalhei com um ditado de frases. Ditei três frases, cada frase tinha uma linha em branco abaixo dela. Após o ditado pedi que lessem suas frases e em seguida distribui os trabalhos entre os colegas para que um tentasse ler a frase do colega e fizesse a correção se achasse necessário. Após fiz a escrita correta no quadro para que refletissem sobre suas hipóteses de escrita e de leitura na correção. Em uma das frases ditei Marcelo gosta de jogar futebol. Foi muito interessante observar a quantidade de crianças que escreveram Marcelo gosta de jogar bola, inclusive na correção quando alguns escreveram futebol foi corrido pela palavra bola. Esse exemplo mostra o quanto é difícil desenvolver a consciência fonológica, ou seja, levar a criança a ouvir a palavra e perceber que ela é som, mas é necessário.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Aprendizagem de jovens e adultos

É importante compreender que o aluno da EJA apresenta diferenças culturais, faixa etária e etapas de desenvolvimento e pensamento específicas. Dessa forma o educador precisa considerar a história de vida, as origens, as diferentes experiências de vida e os interesses desses alunos, entendendo que o conhecimento não ocorre de maneira igual para todos, mas respeitar o tempo e a etapa de pensamento de cada um para que o ensino seja acessível e possa ser compreendido pelos alunos, através da ação e não apenas da transmissão de conteúdos.
Também é necessário evitar o preconceito e valorizar a cultura oral de muitos alunos, que podem não estar alfabetizados, mas conseguem expressar-se e ter compreensão, o que muitos alfabetizados não conseguem.
Os alunos da EJA possuem identidade própria e quando a escola nega essa identidade e esses saberes próprios dos alunos mantem a exclusão, a falta de diálogo e a passividade que tem por objetivo apenas a transmissão de conteúdos. Ao contrário, quando a escola valoriza essa identidade e esses saberes dos alunos, possibilita uma aprendizagem significativa, onde o aluno é sujeito ativo na construção de sua aprendizagem e desenvolve capacidades de reconstruir seus saberes, utilizando-os no seu cotidiano.

Acredito que a situação da EJA está mudando na realidade escolar, mas é uma mudança lenta, pois ainda em muitas instituições não há um planejamento especifico e muitos professores, sem formação adequada, aproveitam as mesmas práticas utilizadas com crianças e adolescentes no ensino regular, o que está fora da realidade de vida dos alunos da EJA.
De acordo com o vídeo que assistimos na aula presencial e com as palavras de Paulo Freire é necessário buscar um trabalho que parta da realidade e dos interesses do aluno, bem como vise à sua conscientização e autonomia.
A linguagem escolar é outra grande dificuldade encontrada pelos alunos da EJA, pois não é significativa para eles e dessa forma dificulta a compreensão dos conteúdos e atividades escolares.
Assim os educadores da EJA precisam ter formação adequada, levando em conta os saberes dos alunos e planejando estratégias e conteúdos voltados para esses sujeitos.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Temas Geradores

Paulo Freire, em sua prática pedagógica com alfabetização de adultos, construiu o método de ensino que partia de temas geradores, ou seja, palavras significativas, que tinham relação com as experiências de vida dos alunos.
A aula não era um ato mecânico de cópia e memorização, mas um momento de reflexão sobre os problemas vivenciados pelos alunos, onde eles eram desafiados a expressarem suas opiniões, resolver problemas e aprender a ler e escrever através dessa realidade e com o uso de múltiplas linguagens, não apenas a oral e a escrita, mas a expressão corporal, a construção, a música, o desenho e outras.
Dessa forma a alfabetização passa a fazer sentido na vida dos alunos, que vão tendo consciência da importância da sua participação na transformação de situações de opressão e dominação.
Para Freire a alfabetização não vai apenas possibilitar ao aluno ler e escrever, mas auxilia-lo na compreensão do que está lendo e escrevendo.
Os temas geradores partem de palavras do cotidiano de vida dos alunos, descartando o uso de cartilhas, como algo muito infantilizante e distante do contexto de vida dos alunos.
O trabalho com temas geradores inicia com discussões sobre um tema ou problema levantado pelo grupo. Esse momento é coletivo e os alunos trabalham com recursos diversificados (revistas, jornais, filme, música...). O professor desafia todos os alunos a darem sua contribuição considerando o saber de cada um. Num segundo momento há um trabalho de exercícios de leitura e escrita elaborados com palavras significativas das discussões e considerando os diferentes níveis de leitura e escrita dos estudantes, ou seja, respeitando que nem todos aprendem a mesma coisa ao mesmo tempo, mas cada um tem seu próprio tempo.
A vantagem do tema gerador é à busca de soluções para a coletividade, pois as discussões e propostas encaminhadas na aula beneficiam toda a comunidade e possibilitam ao aluno deixar de ser um simples expectador para ser sujeito ativo nessas resoluções, já que, de acordo com o texto “o problema discutido exige resposta, não só no nível intelectual, mas no nível da ação.”
Como disse Frei Betto “Agora Ivo vê a uva, a parreira e todas as relações sociais que fazem do fruto festa no cálice de vinho...”, ou seja, longe do Ivo que vê a uva, do Ivo que vê o ovo, Paulo Freire mostrou que ao Ivo que seus saberes e sua participação não são insignificantes, mas necessários e complementares a outros saberes.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Aspectos positivos e desafiadores do trabalho por Projetos

Os aspectos positivos e desafiadores do trabalho por Projetos estão relacionados à pesquisa, a autonomia do aluno, a flexibilização do planejamento, a relação professor-aluno e ao papel do professor como mediador desse processo, provocando desafios que levam o aluno a refletir e procurar soluções para os problemas, levando isso para o seu dia-a-dia.
Os temas partem das necessidades ou curiosidades dos alunos que buscam informações, pesquisam, trocam idéias, trabalham de forma cooperativa evitando a fragmentação. O aluno tem a liberdade de interferir no Projeto, aprendendo a negociar, conviver e buscar novas informações.
Enfim o verdadeiro trabalho com Projetos permite respeitar o tempo e o espaço de aprendizagem de cada pessoa e possibilita o desenvolvimento da aprendizagem significativa e contextualizada.
Hoje posso afirmar que na prática, não trabalhei realmente com Projetos, embora tivessem esse nome, eram Centros de Interesse.
Os Projetos de Ensino nas Séries Iniciais ou na Educação Infantil têm como grande desafio o trabalho cooperativo, a construção do conhecimento, a interação que gera socialização, discussão de hipóteses, respeito pelo colega, desenvolve a capacidade de argumentar e utilizam muito o lúdico em seu desenvolvimento. Nos Projetos a aprendizagem ocorre durante todo o processo e não simplesmente é “medida” através de uma avaliação final.
Em relação às diferenças acredito que a linguagem, os objetivos específicos e o desenvolvimento devem respeitar a etapa de pensamento das crianças, pois na Educação Infantil, por exemplo, as crianças fazem seus registros através de desenhos, construções ou através da escrita feita pelo professor e nas séries iniciais, além disso, as crianças registram de acordo com suas hipóteses de escrita.
Enfim, o processo e o objetivo principal são os mesmos, apenas o desenvolvimento tem algumas diferenças, relacionadas ao nível de pensamento dos alunos.

domingo, 25 de outubro de 2009

Reflexões

Desde que iniciei esse curso tenho estudado em quase todas as interdisciplinas e venho refletindo muito sobre como acontece o processo de aprendizagem dos alunos, procurando fazer relações com minha prática.
O que tenho pensado muito ultimamente é que nem todos aprendem a mesma coisa ao mesmo tempo e a minha formação inicial, há mais de vinte anos, não possibilitou essa reflexão, sendo assim venho trabalhando as mesmas coisas com todos ao mesmo tempo. Hoje entendo que é necessário buscar alternativas para atender as necessidades de cada aluno, respeitar seu tempo, ou seja, é necessário uma maior flexibilização no trabalho. É necessário que os conteúdos tenham significado para os alunos, modificando uma prática centrada apenas na exercitação e fixação, pois o aluno que não consegue trabalhar dessa forma apresenta dificuldades na construção de sua aprendizagem, tornando-se um "problema". Normalmente coloca-se a "culpa" na estrura familiar, na situação econômica, no próprio aluno, mas dificilmente na prática pedagógica exercida na sala de aula.
Essa é uma mudança necessária, não é fácil, mas é necessária e para que isso aconteça o primeiro passo é a reflexão e mudança de concepções dos educadores, para depois trabalhar na prática com a interação, a cooperação , levando os alunos a participarem ativamente da construção de idéias, conceitos e valores e partindo da idéia de que todos podem aprender, mas a seu modo e a seu ritmo, explorando as habilidades e possibilidades e não ficar centrado nas dificuldades.Uma das possibilidades de trabalhar dessa forma é através do PA.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Contando histórias

Hoje vou relatar uma atividade que fiz com algumas crianças da escola e da minha família: pedi que me contassem uma história, ouvi e fiz alguns questionamentos. Normalmente trabalhamos contando histórias, mas dificilmente paramos para ouvir e essa atividade foi muito prazerosa para mim, pois tive a oportunidade de ouvir as crianças e aprender que dessa forma é possivel desenvolver e valorizar a linguagem oral,a criatividade e ainda perceber que durante a narrativa a criança pode estar expressando seus próprios sentimentos ou conhecimentos. Gostei muito desse trabalho e escolhi uma das histórias para transcrever e analisar. Segue abaixo:

Transcrição da narrativa
A bela e a fera

Era uma vez uma princesa chamada Cinderela. Uma vez ela tava com o vô dela e daí ela foi sair, foi comprar uns livros.
Lá vou eu passear. Eu tava passeando com meu vô e fui num castelo i incontrei um dragão i ele disse bem assim: Vou ti come todinha i botou ela de castigo no seu quarto e depois disse assim: Bota uma roupa bem bonita e vamo janta. E ela disse: Não, não, não vou, você é um velho maldito.
Daqui a pouco o dragão disse: Vai toma um banho e ela disse: Não vo sai desse quarto, só quando você se bonzinho comigo. Daí ele tinha um potinho com uma flor e daí de dia ele virava um homem normal e bonzinho, um príncipe. Daqui a pouco ele disse: Eu nunca mais vo se mal com você.
E eles se deram um beijo e foram felizes para sempre.

FIM.

Brenda - 6 anos




Análise da narrativa


A criança que relatou a história é aluna do 1º ano e demonstra ter bastante contato com a escrita, com histórias contadas em casa e na escola e muita imaginação.
Na história relatada há uma mistura de personagens de diferentes histórias como a bela, a fera, a Cinderela, o dragão e também a presença do avô, da compra de livros, do botar de castigo que mostram a inferência que a criança fez da realidade, do seu cotidiano, o que comprova sua autoria da história.
Apareceram na história os elementos básicos da narrativa: Era uma vez e foram felizes para sempre, bem como a repetição de expressões que dão continuidade à história como daí, daí, então, daqui a pouco.
Na narrativa é possível observar o sincretismo, ou seja, a liberdade de associar elementos da realidade segundo critérios pessoais, pautados principalmente por afetividade, observação e imaginação.
As crianças têm muitos conhecimentos, informações, sentimentos e podem expressa-los através das narrativas de histórias. Por isso a importância de valorizar a linguagem oral, permitir que contem suas histórias e parar para ouvi-las, possibilitando uma interação com a criança, fazendo questionamentos que estimulem a continuidade da história, sem a preocupação se o que ela conta é verdade ou invenção, mas embarcar na aventura.
O adulto deve ter o cuidado de não tirar conclusões precipitadas sobre as narrativas, pois a criança falar sobre brigas, castigos, por exemplo, não quer dizer que isso aconteça na casa dela.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Leitura e escrita como práticas sociais

De acordo com Paulo Freire \ “a alfabetização é um ato e conhecimento, no qual aprender a ler e escrever já não são, pois, memorizar sílabas, palavras ou frases, mas refletir criticamente sobre o próprio processo de ler e escrever e sobre o profundo significado da linguagem.\” ·Na prática encontramos ainda a simples transmissão de conteúdos, com trabalhos individualizados e descontextualizados. De acordo com o texto \ “...poucos aprendem com competência e o nível de ganho de consciência é sempre muito baixo.\"
Sendo assim é necessário que se reconheça o significado da leitura e da escrita além da leitura e escrita de palavras isoladas, fragmentadas e sem relação com o contexto, é necessário utilizar no processo de aprendizagem as experiências vivenciadas pelos alunos no seu cotidiano para que possam fazer relações e dar sentido às informações, construindo efetivamente conhecimento e utilizando esses conhecimentos, de forma critica, no seu dia-a-dia.
Emilia Ferreiro e Ana Teberoski trazem a importância de conhecer os níveis de pensamento e perceber como os alunos entendem o processo de escrita. A partir daí é que se deve planejar o trabalho, pois, de acordo com o texto\ “... os alunos que não se alfabetizam podem estar sendo submetidos a um processo inadequado, que conflitua com seu próprio modo de perceber a escrita.\" Por isso, a importância de compreender que as pessoas não aprendem todas a mesma coisa ao mesmo tempo e trabalhar com diferentes portadores de textos e não só com materiais convencionais, ou seja, tipos de textos que sejam significativos para os alunos, despertando seu interesse e motivação. Também é importante destacar a necessidade da aprendizagem cooperativa e coletiva, com interação e troca de experiências.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Cultura surda e Comunidade surda

A cultura surda é centrada, principalmente, em sua forma sinalizada de comunicação, com modelo cultural diferente dos ouvintes. Essa cultura representa a identidade cultural de um grupo de surdos que se define enquanto grupo diferente de outros grupos.
Para a pesquisadora Carol Padden “uma Comunidade Surda é um grupo de pessoas que mora numa localização particular, compartilha as metas e, de vários modos, trabalha para alcançar estas metas.” Nessa comunidade podem ter ouvintes e surdos que não são culturalmente surdos.
De acordo com meu entendimento na aula presencial há uma distinção entre ser surdo e ser deficiente auditivo, ou seja, o deficiente auditivo é aquele que não utiliza a língua se sinais- Libras para se comunicar, não assume sua identidade e não conhece as Comunidades Surdas enquanto o surdo é aquele que assume sua identidade de não ouvinte e que se comunica normalmente através de sua própria língua, a Libras.
A Libras é reconhecida cientificamente como um sistema lingüístico de comunicação gestual-visual, com estrutura gramatical própria, oriunda das Comunidades Surdas do Brasil, uma língua natural, formada por regras morfológicas, sintáticas, semântica e pragmática. É uma língua com estrutura independente da língua portuguesa, que possibilita o desenvolvimento cognitivo do surdo.
Não tenho convivência com pessoas surdas, mas já vi nos cursos, nas formações de professores pessoas surdas com as intérpretes e na rua onde moro existe uma família em que o casal é surdo, já observei que se comunicam através de gestos e emitem alguns sons.
Minha opinião sobre pessoas surdas é que em nossa essência todos somos humanos, apenas alguns são diferentes e não incomunicáveis, mas sei que o preconceito existe e que para muitas pessoas ouvintes os surdos são “incapazes” ou “deficientes”.
Para interagir com as pessoas surdas é importante o contato visual, a expressão facial e corporal. Para conversar com uma pessoa surda acredito que poderia falar com a pessoa olhando para ela, frente a frente, utilizando a escrita ou por gestos e movimentos do corpo.

Letramento social e Letramento escolar

A escola, inicialmente, tinha como função principal exercer seu poder de controle, levando os alunos à nunca questionarem, apenas repetirem mecanicamente o que lhes era transmitido, tendo o professor como centro da aprendizagem. Com o passar do tempo a escola assumiu outros papéis, mas nunca sem deixar de lado a questão de manter o controle. Dessa forma, a escola ainda tem uma organização que é vivida somente dentro dela, sem levar em conta a realidade do mundo que a cerca, a realidade de vida de cada criança. Assim a escola preocupa-se com o letramento escolar, ou seja, aquele tradicional onde alfabetizar é apenas traçar letras, decodificar signos e repetir mecanicamente aquilo que o professor transmite, sem levar em conta os conhecimentos que o aluno já traz, sem repensar suas estratégias de ensino e sem fazer a relação entre o letramento escolar e o letramento social, ou seja, tornar a leitura e a escrita úteis na vida do aluno, habilitando-o a usa-las no seu cotidiano com diferentes finalidades e desenvolvendo sua autonomia.
A escola também precisa compreender a diversidade de linguagens que podem ser trabalhadas , oferecendo um ambiente de ensino diversificado. Normalmente trabalhamos com a linguagem oral e a escrita, mas no dia-a-dia a criança convive com a linguagem musical, visual, corporal e outras. Por isso na escola é necessário explorar outros tipos de linguagens, já que essas linguagens possuem diferentes formas de comunicação e possibilitam a manifestação de sentimentos e conhecimentos.
Sendo assim, a escola precisa ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, tornando-as significativas e úteis na vida do aluno, através de diferentes portadores de textos e atividades cotidianas que criem um ambiente rico em práticas de leitura e escrita, sem esquecer que é fundamental trabalhar de acordo com a realidade de cada comunidade escolar.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Projeto de Aprendizagem

A construção do Projeto de Aprendizagem sobre a vida fora da terra foi baseada nas curiosidades do grupo e desenvolvida através de um trabalho cooperativo, onde todos nós fomos desafiados a expor nossas dúvidas, pesquisar, buscar informações, fazer relações entre essas informações e principalmente interagir com os colegas.

O PA é uma metodologia de trabalho dinâmica, que respeita o tempo de cada um na construção do seu conhecimento. Não trabalha com a idéia de que deve ser tudo igual para todos e de que todos devem aprender a mesma coisa ao mesmo tempo, como é a nossa prática.

Escolhemos um tema polêmico e instigante, que possibilitou muitas pesquisas e descobertas, mas é um tema que não tem uma resposta definida.

sábado, 19 de setembro de 2009

Relato de experiência

Ontem, pela primeira vez estive em uma aula da EJA. Fui fazer uma observação e conhecer um pouco dessa realidade na prática.
Observei uma turma de 6ª série, com idades variadas, diferentes origens, costumes e crenças e muitos afastados da sala de aula há muito tempo.
Havia uma grande interação entre o professor e os alunos e entre eles mesmos. Cada aluno é rico em experiências e compartilha as mesmas na sala de aula, havendo uma integração entre a realidade vivenciada por ele e o tema estudado.
Percebi que são pessoas interessadas em aprender e que o professor aproveitou os conhecimentos e curiosidades dos alunos. Através de questionamentos e uso do senso comum,ou seja, uma metodologia baseada no diálogo, tornou a aula prazerosa, todos estavam envolvidos e demonstrando interesse pelo tema estudado. Dessa forma é possível resgatar a auto-estima e tornar a aprendizagem significativa e útil na vida desse aluno, que ali está em busca de uma qualificação, não só em relação ao trabalho, mas uma qualificação de vida.

sábado, 12 de setembro de 2009

EJA

É muito interessante e necessário conhecer e aprender sobre a EJA, pois um dia, talvez, essa possa ser uma prática profissional da qual farei parte.
Nunca trabalhei com a EJA e pouco conheço sobre essa modalidade de ensino, mas tenho colegas que trabalham e quando conversamos sobre esse tema, dizem que é um trabalho muito prazeroso e gratificante, pois sentem que as pessoas estão lá por vontade própria e querem aprender com muita disposição, apesar do cansaço que muitas demonstram.
Normalmente quando pensamos em EJA fazemos a relação com a alfabetização de pessoas que não tiveram essa oportunidade na idade escolar por diversos motivos, mas lendo o Parecer 11/2000 e realizando estudos no trabalho em grupo sobre esse Parecer aprendi que não é apenas essa a função da EJA, ela tem objetivos muito além de apenas oferecer o domínio da escrita e da leitura, possui também a função reparadora, que se constitui na restauração do direito a uma escola de qualidade, o que significa ter acesso a um bem real, social e simbolicamente importante, contribuindo para a conquista da cidadania e a inserção no mundo do trabalho, através da aquisição das competências exigidas para isso. A função equalizadora que acolhe a trabalhadores e a tantos outros segmentos da sociedade possibilitando-lhes a reentrada no sistema educacional, no mundo do trabalho, na vida social e a função qualificadora que proporciona a qualificação de vida para todos, propiciando a atualização de conhecimentos por toda a vida.
Para cumprir essas funções é necessário que a EJA tenha um Projeto pedagógico próprio que leve em conta as necessidades, expectativas e experiências dos jovens e adultos, garantindo assim sua permanência na escola.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Leitura, escrita e oralidade

Nenhuma língua é falada do mesmo jeito em todos os lugares e nem se escreve ou lê-se da mesma forma em todos os lugares. Existe uma variação da fala devido a fatores sociais, culturais, regionais, devido à idade das pessoas ou a realidade em que vivem. A escrita é mais difícil, pois exige treinamento e conhecimento de regras. Normalmente as pessoas escrevem como falam e isso, muitas vezes, não está de acordo com as regras da escrita.
Refletindo sobre esse tema e relacionando com a prática em sala de aula, surgem algumas dúvidas: Meus alunos do 2º ano, com 8 anos de idade escrevem seus textos de maneira espontânea e procuro mostrar a escrita correta como o uso do ch ou do x, do j ou do g, mas fiquei pensando na necessidade ou não de correção, nessa fase da aprendizagem, em relação a palavras como “denti”, “penti” e outras já que não falamos dente ou pente, mas denti e penti. Acredito que devo mostrar ao aluno que a fala e a escrita nem sempre estão relacionadas diretamente pois falamos de um jeito e escrevemos de outro. Espero que possamos trocar experiências e discutir esse assunto nesse semestre.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Marcas e lembranças

Foi muito interessante nesse retorno às aulas pensar sobre as marcas que eu gostaria de deixar em meus alunos. Lembrei de muitos alunos, muitos momentos de interação e trocas entre nós.Que marcas será que ficaram dessas experiências? Espero que tenham ficado e gostaria que ficassem para todos os meus alunos as marcas da educação como o prazer em aprender com alegria, com respeito às diferenças, com interação entre a vida fora e dentro da escola, com amizade, com solidariedade e com a construção da autonomia de cada criança, bem como com a certeza de que todos acreditem sempre nas suas capacidades. Espero que lembrem da escola como um ambiente de cooperação, de troca de experiências e de convivências que colaborou de forma positiva em seu desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social e de uma professora que não dá ordens, mas o exemplo a ser seguido.

sábado, 27 de junho de 2009

Inclusão

Na interdisciplina de Necessidades Educacionais Especiais foi muito importante para mim o conhecimento teorico, as leituras que foram feitas, os filmes assistidos, os debates nas aulas presenciais e a relação de tudo isso com a prática, o conhecimento da legislação, das instituições especializadas do município, o entendimento de que a inclusão não deve ser penosa, sofrida, mas um processo que está iniciando sua caminhada, que estamos todos aprendendo através de nossa prática e principalmente de nossas reflexões e reconstruções de conceitos.

Há muitas dúvidas e questionamentos ainda sobre a inclusão, mas compreendi a necessidade de estar aberta a essa realidade e não me omitir por medo, comodismo ou pelo fato de não estar preparada para a inclusão.

Também compreendi que não é o aluno que deve adaptar-se à escola, mas a escola que deve adaptar-se à diversidade, aos alunos e que os alunos com necessidades educacionais especiais não são alunos de uma determinada professora, mas alunos de toda a escola.

Enfim, a parceria da escola com os pais, com a comunidade em geral e com os especialistas é uma necessidade fundamental para que aconteça a verdadeira inclusão e muito além de mudanças fisicas na escola é necessário a mudança na maneira de pensar de muitos educadores.

"Para entender é preciso esquecer quase tudo o que sabemos.A sabedoria precisa de esquecimento.Esquecer, é livrar-se dos jeitos de ser que se sedimentam em nós, e que nos levam a crer que as coisas têm de ser do jeito como são." Rubem Alves.

domingo, 21 de junho de 2009

Desenvolvimento moral

Trabalho com uma turma que tem faixa etária em torno de sete e oito anos de idade. Certo dia cheguei na escola, peguei as crianças na fila e antes de chegar até a sala eles, agitados, contaram que um aluno da 4ª série havia mexido na pasta de um colega da nossa turma e pegou o dinheiro desse colega que seria para ele comprar seu lanche.Conversei com o menino e perguntei se era verdade, ele disse que sim. Então fui até a sala do menino perguntar o que havia acontecido, antes mesmo de eu terminar de falar ele começou a gritar e saiu sem falar com a professora, dizendo que era apenas uma brincadeira. Sua reação foi muito violenta, ele não deu oportunidade para uma conversa harmoniosa. Foi até a minha sala, entrou gritando e agredindo, com palavras, ao menino e a mim. Precisei segura-lo e tirar para fora da sala, mas ele não parou para conversar e saiu brigando e resmungando. No final o dinheiro estava na pasta, pois ele havia pegado e colocou novamente sem que o dono percebesse.
Refletindo sobre esse fato é possível observar o quanto o menino que agiu com agressividade e rebeldia deve estar habituado ao autoritarismo e a coação. Ele é um menino rotulado por suas atitudes, daqueles que a escola toda conhece, e seus professores agem com autoridade e punições, mas uma autoridade sem argumentação, que não possibilita a reflexão dessa criança sobre as intenções de seus atos. Essa atitude não faz com que a criança compreenda as regras e nem desenvolva relações interpessoais de cooperação e respeito.
A autonomia é a meta do desenvolvimento moral e a educação moral na escola precisa favorecer o pensamento moral autônomo decorrente das relações permeadas pela reciprocidade e respeito mútuo.
No exemplo ocorrido na escola fica claro que quanto mais coação utilizada pela autoridade, mais prolongada será a heteronomia e mais difícil o desenvolvimento da autonomia moral.
É necessário refletir sobre os conflitos existentes no dia-a-dia para que as intervenções que serão feitas possibilitem à criança construir valores e regras, ou seja, as intervenções decorrentes dos conflitos podem trazer conseqüências significativas na formação moral das crianças.
Segundo a teoria de Piaget é por meio dos conflitos que o processo de equilibração ou auto-regulação é desencadeado.
O que observo na prática é que os conflitos são vistos como prejudiciais ao bom desenvolvimento das relações entre alunos e professores e procura-se resolve-los através do uso de autoridade sem reflexão, da criação de regras impostas, da punição ou da transferência para a família ou especialistas. Mas através das leituras e reflexões sobre esse tema é possível entender que os conflitos podem ser oportunidades para que os valores e as regras sejam trabalhados, já que são naturais nas relações entre os sujeitos.

sábado, 13 de junho de 2009

Mapas conceituais


Mapas Conceituais são representações gráficas semelhantes a diagramas, que indicam relações entre conceitos ligados por palavras. Representam uma estrutura que vai desde os conceitos mais abrangentes até os menos inclusivos. São utilizados para auxiliar a ordenação e a seqüenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino, de forma a oferecer estímulos adequados ao aluno.
A abordagem dos mapas conceituais está embasada em uma teoria construtivista, entendendo que o indivíduo constrói seu conhecimento e significados a partir da sua predisposição para realizar esta construção. Servem como instrumentos para facilitar o aprendizado do conteúdo sistematizado em conteúdo significativo para o aprendiz.
Na aula presencial do dia 02 de junho, trabalhamos em grupo na construção de um mapa conceitual sobre os conceitos piagetianos.
Partimos da idéia de interação entre o sujeito e o meio, essa interação promove a assimilação, ou seja, a interpretação de uma informação nova. A assimilação possibilita a acomodação, ou seja, o reconhecimento de uma informação, através daquela já construída, reelaborando-a e também a equilibração, que faz o individuo desestabilizar suas certezas e reelabora-las. Esse processo gera a acomodação e a construção do conhecimento que cria condições para a aprendizagem e assim vai acontecendo constantemente.

sábado, 6 de junho de 2009

Os Povos Indígenas

Assisti um DVD da TV Escola- Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação sobre a Pluralidade Cultural que falava sobre os Povos indígenas e fiquei impressionada ao ouvir pessoas de várias regiões do país definirem o índio como sendo humano, mas quase um animal, como um selvagem, como um povo em extinção, preguiçoso ou como pessoas que andam seminus, pintados,com cocar na cabeça e argolas no nariz.
As pessoas têm apenas aquela informação passada na escola e nos livros didáticos do índio na época do descobrimento do Brasil, que foi escravizado pelos europeus, sem na verdade conhecer a cultura desses povos e aquilo que não é conhecido, não é respeitado. Por isso existe tanta discriminação com os povos indígenas, tratados como pessoas inferiores aos brancos.
A contradição entre índio e povos indígenas aconteceu porque os europeus pensaram ter chegado às Índias, quando chegaram ao Brasil, e assim os habitantes dessa Terra foram chamados de índios enquanto os povos indígenas são grupos heterogêneos, pois a linguagem, os costumes, as crenças, as formas de organização social, política, familiar variam muito de um grupo para outro.Por isso não é possível generalizar essas características para todos os grupos indígenas, já que cada grupo possui a sua identidade étnica de acordo com a sua cultura.
Quando os povos indígenas foram aprisionados pelos colonizadores europeus foram obrigados a falar o português, eram castigados pelos jesuítas de fossem pegos falando a língua indígena. Alguns índios passaram a acreditar que falar o português tornava a pessoa superior ou mais importante e foram perdendo sua identidade,substituindo suas crenças pelas crenças dos homens brancos, tornando-se, assim pessoas exploradas e marginalizadas pela sociedade, enquanto outros continuaram , mesmo reprimidos, praticando sua língua, pois para eles a língua é um dos fatores que preserva sua identidade, sua cultura.
Os índios voltaram a organizar-se em grupos, recuperaram sua auto-estima e estão lutando por seus direitos, reconstruindo sua identidade cultural (no DVD, assisti crianças índias sendo alfabetizadas em português e também da língua indígena, preservando sua cultura), apesar de ainda haver muita discriminação por esse povo.
Finalmente para desfazer os preconceitos sobre os povos indígenas, acredito que a melhor forma é conhecer de fato a cultura desses povos e valorizar a identidade étnica de cada grupo indígena, compreender seu modo e organização de vida e conviver pacificamente, respeitando seus direitos e principalmente nós, educadores, termos essa visão e possibilitar aos nossos alunos essa realidade que não aparece nos livros didáticos.
De acordo com Azilene Inácio, índia do RS “o povo indígena teve um avanço de conquistas muito teórico como na Constituição de 88 que garante a expressão cultural indígena e o respeito às diferenças, mas na prática não evoluiu.”

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Valorização da cultura afro-brasileira

Na minha turma de 2º ano, estávamos trabalhando com o auto-retrato, todos estavam fazendo desenhos para representarem suas imagens. Tenho uma aluna negra, de 8 anos, que fez seu desenho com a pele branca e cabelos loiros, bem diferentes de sua etnia. Questionei se era assim que ela era realmente. Ela disse que sim.
Confesso que não soube exatamente o que fazer e assim percebi o quanto é necessário trabalhar as questões étnico-raciais na escola, o conhecimento de culturas diferentes, a valorização da cultura afro-brasileira, pois dessa forma será possível elevar a auto-estima das crianças negras, quando elas se perceberem integrantes de uma cultura valorizada.
Essa imagem da criança está relacionada com seu dia-a-dia, pois os livros de história infantil, por exemplo, mostram apenas personagens brancos e isso influencia na construção da identidade da criança negra que nunca vê sua raça representada de forma positiva nos livros. Sobre isso diz Paré: “A criança negra brasileira, devido ao condicionamento sócio-cultural de um ideal de beleza e padrões culturais europeus introjetados pela colonização portuguesa, desenvolve a auto imagem e auto conceitos destorcidos e baixa auto-estima”.
Conseqüentemente ela será um adulto com problemas de identidade e de auto valorização.” (PARÉ, 2000, p. 110).
Refleti também sobre as dificuldades de aprendizagem de alguns alunos, elas podem estar relacionados com auto-estima e com a auto-imagem que eles têm se si mesmos.
Sendo assim a escola precisa de um novo olhar, além do tradicional, os educadores precisam refletir e estudar questões referentes ao pluralismo étnico-cultural e racial presentes em nossa sociedade e principalmente no nosso cotidiano escolar.
É necessário reconhecer que os alunos são diferentes, possuem culturas diferentes, ritmos de aprendizagem diferentes e repensar o currículo a partir dessa realidade.

Educação e barbárie

Diante de uma sociedade que promove a desigualdade social e da prática de uma educação ainda muito autoritária, onde grande parte dos educadores acreditam ser os donos do saber, o texto de Adorno evidencia uma grande preocupação, ou seja, impedir o retorno à barbárie.
Adorno relaciona a barbárie com o nazismo, pois nele a violência física tornou-se algo comum e essa foi sua preocupação, que isso voltasse a acontecer e a violência se tornasse comum na vida das pessoas.
Infelizmente a educação, desde os tempos mais antigos, assumiu um papel de manipulação das pessoas em favor de uma classe dominante, gerando o autoritarismo e formando as pessoas passivas, aceitando tudo aquilo que era imposto e assim vem acontecendo até os dias de hoje.
Evitar a volta da barbárie não depende apenas de mudanças na educação, mas sim nas relações sociais das pessoas em casa, no trabalho, na escola, nos movimentos sociais, na luta política contra a dominação, ou seja, o processo de libertação humana depende desse conjunto de mudanças. A educação sozinha não tem chance de lutar contra a barbárie burocratizada que mantém o sistema, mas a educação tem chance sim de formar a consciência critica de cada individuo, possibilitando a formação de pessoas com autonomia e autodeterminação para que se tornem agentes de transformação social pensando nas relações humanas, na preocupação com o outro, tendo a consciência de que o outro não é uma “coisa”, mas um ser humano que merece e deve ser respeitado.
Diariamente, através da mídia e de nossas vivências pessoais, observamos casos de agressões e de violência ao nosso redor, mas não podemos aceitar isso como algo natural. Para isso cada um precisa fazer a sua parte, ou seja, o governo oferecer condições dignas de trabalho, os pais educarem seus filhos com limites, diálogo e amor, os educadores entenderem que a educação não é meramente transmissão de conteúdos e a comunidade integrar-se na sociedade com uma participação efetiva.
A escola precisa, desde a educação infantil, incentivar a boa convivência, a solidariedade, a cooperação, o respeito, a tolerância, pois são práticas de convivência fundamentais na formação do ser humano que, caso não sejam estimuladas, geram o individualismo, a necessidade de ser melhor do que os outros, nem que seja através da brutalidade ou da agressão.
Refletindo sobre esse texto,pensei na relação possível com com as outras interdisciplinas que estamos estudando como os Projetos de Aprendizagem, no Seminário Integrador, estes seriam meios de aprendizagem dinâmicos que proporcionariam ao aluno interagir e participar do seu processo de aprendizagem, mudando a concepção de autoritarismo, onde tudo parte do professor.Também é possivel relacionar com a Educação de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais e Questões Étnico-Raciais, pois a escola de hoje precisa mudar seu olhar em relação a diversidade, entendendo que nem todos aprendem a mesma coisa ao mesmo tempo e que é necessário reconhecer nas diferenças uma possibilidade de trocas, saber explorar a riqueza de cada diferença.
Enfim é preciso que o ser humano não considere a agressão como uma atitude normal, mas sinta vergonha de qualquer tipo de agressão, seja ela física, psicológica, preconceituosa ou qualquer outra para que Auschwitz não se repita.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

A deficiência e o ambiente escolar

A deficiência não é sinônimo de incapacidade e a interação da criança com necessidades especiais na escola pode oportunizar estímulos , criar oportunidades para desenvolver as habilidades dessas crianças.
O Atendimento Educacional Especializado é fundamental como complemento ao trabalho desenvolvido na escola regular, pois é nesse espaço que o professor poderá experimentar opções de materiais que melhor se ajustem a necessidade da criança e orientar o professor da turma regular para que ele também possa utilizar esse recurso na sala, se for possível.
Tudo o que é feito para as crianças com deficiência também pode ser feito com as outras crianças, que aprendem a respeitar a diversidade e trabalhar de forma cooperativa , ou seja, um pode segurar o papel, o outro corta e outro cola.
Tudo isso é muito novo no ambiente escolar e por isso gera tanta insegurança e polêmica, mas como se diz que é falando que se aprende a falar, que é escrevendo que se aprende a escrever, é convivendo que se aprende a conviver e enfrentar esse desafio, já que a escola é um espaço que deve desafiar e aprimorar as habilidades de todas as crianças.

Método Clinico II

O Método Clinico é um instrumento que possibilita avaliar o estágio cognitivo da criança, mostrando seu modo de pensar. Esse conhecimento leva o professor a compreender o processo de pensamento do aluno e organizar seu trabalho de acordo com as condições reais de aprendizagem de cada um, provocando ações e reflexões, experimentações e interação com o ambiente conduzindo a criança à construção da sua aprendizagem.
Em relação às crianças com dificuldades de aprendizagem, identificar seu nível de pensamento pode ajudar o professor a atuar no foco da dificuldade, que seria o nível de pensamento incompatível com o nível de exigência da escola e dessa forma entender que nem todas as crianças aprendem a mesma coisa ao mesmo tempo, o que é uma prática da escola desde os tempos mais antigos até os dias de hoje.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Relato de experiência

Até o ano de 2004, desde que iniciei minhas atividades profissionais em 1985, não tinha
trabalhado com crianças com necessidades educacionais especiais. No ano de 2005 foi minha primeira experiência com uma criança que apresentava uma deficiência mental chamada de atraso no desenvolvimento neuro-psico-motor. Quando fui comunicada que essa criança seria meu aluno, fiquei bastante ansiosa e cheia de dúvidas, mas aceitei o desafio, pois sempre acreditei que todos têm direito à educação. Essa criança falava poucas palavras e as que falava eram pela metade, não olhava nos olhos de quem falava com ele, fazia movimentos repetitivos, não tinha coordenação motora, pintava o desenho na folha e a mesa junto, não tinha limites, quando tinha que recortar picava a folha toda e não aceitava realizar atividades diferenciadas, queria fazer a mesma atividade das outras crianças.
Eu fazia atividades diferenciadas em certos momentos e as mesmas atividades da turma em outros, mas estava muito frustrada, meu sentimento era de impotência. Conversei com a família e descobri que ele já estava em tratamento com uma psicóloga e uma fonoaudióloga, já tinha feito consultas com neurologistas, ou seja, a parte clinica estava sendo tratada. Procurei conhecer esses profissionais e tive um incentivo para continuar meu trabalho. Conversando com a equipe da Educação especial da Secretaria de Educação da época, ouvi delas que não existiam receitas prontas e que eu continuasse meu trabalho com aquilo que eu achasse que seria importante trabalhar com meu aluno. Fiquei ainda mais frustrada e ansiosa, mas continuei o trabalho e o aluno obteve alguns progressos significativos naquele ano. Hoje, com mais experiência, entendo melhor o que significava não existem receitas prontas, pois cada caso é um caso e tem suas peculiaridades, necessidades e potencialidades.A educação de pessoas com necessidades educacionais especiais é um desafio que deve ser enfrentado por todos aqueles que acreditam na possibilidade do desenvolvimento social, afetivo, motor e cognitivo dessas crianças.
Continuo trabalhando com crianças com necessidades especiais, inclusive esse mesmo aluno que relatei ter sido minha primeira experiência está novamente comigo esse ano, estou sempre procurando auxílio para essas crianças e há poucos dias conseguimos, além da sala de aula, um atendimento especializado para eles no turno inverso à aula, com uma professora especialista em deficiência mental. Espero que possamos trabalhar de forma cooperativa, fazendo com que a inclusão ocorra de fato.

Método Clinico

O Método Clinico é uma metodologia criada por Piaget, onde através de entrevistas com crianças, com coleta e análise de dados, se acompanha o pensamento da criança,com intervençao sistemática, elaborando sempre novas perguntas a partir das respostas da criança avaliando sempre a abrngência destas respostas.
A intenção é avaliar o nível de pensamento da criança.
O experimentador precisa ter uma atitude flexível e criativa diante das respostas das crianças.Precisa conhecer a teoria para propor questionamentos que façam a criança refletir sobre novas formas de pensar a realidade, com isso possibilitando avançar seu nível de pensamento.
Realizei essa experiência de aplicação da prova de conservação da massa com aluno do 2º ano, que tem 8 anos e foi possivel comprovar a teoria, observando que ele está no nível de pensamento operatório concreto, pois consegue realizar ações mentais, mas limitadas pelo mundo real. Possui pensamento lógico, consegue realizar operações mentais e compreende que existem ações reversíveis, mas ainda não tem a reversibilidade completa do pensamento, já que oscilou entre a conservação e a não-conservação da massa, durante uma ação de transformação da bolinha feita com a massa de modelar.
Conhecer o nível de pensamento da criança ajuda o professor a propor oportunidades adequadas para que essa criança possa progredir no processo de construção de seu pensamento.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Inclusão

Não é fácil mudar uma concepção de que aprendizagem acontece de forma igual e ao mesmo tempo para todos, mas é necessário.
Desde quando iniciei meu trabalho com crianças com necessidades educacionais especiais, achava que era necessário trabalhar com atividades diferenciadas com essas crianças, mas não sabia exatamente o que fazer e trabalhava de acordo com o que eu considerava importante. Hoje estou aprendendo a entender isso de outra forma, ou seja, não é através de atividades diferenciadas para essas crianças que devo trabalhar, mas proporcionar diversas atividades sobre determinado conteúdo para todas as crianças, assim elas terão a opção de escolher aquilo que conseguem realizar com mais segurança, pois certamente, se eu trabalhar apenas com a leitura de um texto sei que essas crianças não conseguirão realizar a atividade, mas se trabalhar além da leitura com desenhos, recorte e colagem, construção com sucatas entre outras atividades estarei proporcionando a participação de todas as crianças no processo de aprendizagem, cada uma dentro de suas limitações.
Mais uma vez volto a dizer que a mudança necessária na escola, entre outras, é o trabalho coletivo, o aluno com necessidades especiais, não é aluno apenas de um determinado professor, mas de toda a escola (professores, funcionários, alunos, equipe diretiva, pais), é necessário que todos estudem, façam reflexões, troquem experiências e construam juntos o processo de inclusão.

Reflexões sobre o filme O Clube do Imperador

O filme O Clube do Imperador conta à história de um colégio interno para rapazes onde um professor, Hundert, é apaixonado pela sua disciplina: História e usa personagens históricos como exemplos para moldar a personalidade dos alunos com atitudes corretas, honestas e verdadeiras.
Mas no decorrer do filme surgem alguns conflitos morais que abalam o professor. Uma das cenas onde o professor está diante de um conflito moral é quando ele fica em dúvida entre manter a ordem dos classificados para o concurso ou trocar essa ordem em benefício de um aluno em quem ele estava apostando.
Descrevendo mais especificamente o conflito moral. O professor recebe um novo aluno, muito arrogante, filho de um senador milionário, que está sempre em confronto com ele. Esse aluno torna-se um grande desafio para o professor, que o considera muito inteligente e aposta nele forjando uma classificação no concurso, pois no momento de decidir pelos três finalistas, esse aluno está em quarto lugar, com apenas um ponto de diferença do terceiro lugar, então o professor inverte a ordem para que esse aluno possa participar do concurso. Ele fica em conflito, mas decide agir desonestamente acreditando na possibilidade de mudar o caráter desse aluno. Mais uma vez entra em conflito quando descobre que o aluno está colando durante a etapa final do concurso e que sua tentativa não deu certo. Como solução para esse conflito resolve mudar a pergunta final e assim, honestamente, o aluno mais preparado vence o concurso.
Essa atitude do professor de trocar a ordem dos classificados causa remorso e ele convive com isso durante 25 anos, quando ele tem a oportunidade de contar a verdade ao verdadeiro aluno que deveria estar entre os finalistas do concurso e esse demonstra entender a atitude do professor, confirmando isso quando leva o seu filho para estudar na mesma escola e com esse professor.
Os princípios morais envolvidos nessa decisão envolvem a crença do professor no aluno rebelde, a confiança depositada nele, verdade x mentira, honestidade x desonestidade, justiça x injustiça.
Julgar a decisão do professor de forjar a classificação é um verdadeiro dilema, pois por um lado se o aluno em quem ele investiu e acreditou tivesse aproveitado essa oportunidade, poderia ter se tornado uma pessoa honesta, verdadeira, com princípios morais, mas por outro lado ele foi injusto com o aluno que deveria estar em terceiro lugar e viveu muitos anos de sua vida com esse remorso. A decisão de trocar a pergunta final, acredito que foi moralmente correta, pois ele sabia que o aluno estava colando e se fizesse a pergunta que estava na ordem certa, esse aluno seria vitorioso sem méritos para isso, assim ele estaria conivente com a farsa,com a desonestidade e estaria contra seus princípios morais. Trocando a pergunta, o professor foi justo com a aluno que havia estudado e que venceu por seus próprios méritos.
Refletindo com nossa prática: Até que ponto, nós professores, podemos influenciar no caráter e nas atitudes dos nossos alunos?
O professor concluiu que , sozinho, não teve força para mudar o caráter do seu aluno, já que os exemplos que ele tinha na família eram de falta de caráter, trapaças e conquistas baseadas em interesses financeiros.
Acredito ser um pouco sonhadora, pois eu também trocaria a ordem da classificação se acreditasse na possibilidade do meu aluno e também por saber que o outro teria muitas outras chances na vida, mas esse aluno talvez não tivesse outra oportunidade de tentar aprender a ser melhor. Podemos falhar, mas nunca deixar de acreditar na capacidade de cada um.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Estágios de desenvolvimento segundo Piaget

De acordo com Piaget os estágios do desenvolvimento caracterizam as diferentes maneiras do indivíduo interagir com a realidade, ou seja, de organizar seus conhecimentos visando sua adaptação, constituindo-se na modificação progressiva dos esquemas de assimilação. Os estágios evoluem como uma espiral, de modo que cada estágio engloba o anterior e o amplia. Piaget não define idades rígidas, mas sim que estes se apresentam em uma seqüência constante.

SENSÓRIO-MOTOR (0 a 2 anos)
Nessa fase o contato com o meio é imediato, sem representação ou pensamento. A inteligência é prática, baseada nas sensações e nos movimentos. As noções de tempo e espaço são construídas pela ação, ou seja, a criança não representa mentalmente os objetos, sua ação é direta sobre eles.

PRÉ-OPERATÓRIO (2 a 6/7 anos)
Nessa fase o pensamento é marcado pela intuição, pela percepção imediata da realidade e não pela lógica. A criança é egocêntrica, centrada em si mesma.
Aparece a função simbólica ou semiótica, ou seja, é a emergência da linguagem.
É um período caracterizado pelo desequilíbrio: há uma predominância de acomodações e não das assimilações e pela irreversibilidade : a criança não compreende a existência de fenômenos reversíveis.
A representação é estática, incapaz de representações mentais com rapidez e flexibilidade, não entende as transformações.
Apresenta sinais de pensamento lógico.
As crianças são sonhadoras, imaginativas e criativas, a realidade é aquilo que a criança sonha e deseja e dá explicações com base na sua imaginação, sem ter em consideração questões de lógica. Por exemplo: duas peças de um jogo podem representar duas pessoas.
Nessa fase há a ausência relativa de equilíbrio entre assimilação e acomodação. A criança é mais submissa às mudanças do que controladora das mesmas. Não possui um sistema de equilíbrio com o qual possa ordenar, formar com coerência o mundo que a cerca. Sua vida cognitiva com sua vida afetiva tende a ser instável, descontínua e momentânea.

OPERATÓRIO-CONCRETO (7 a 11 anos)
Nessa fase a criança desenvolve noções de tempo, espaço, ordem, mas ainda depende do concreto para chegar à abstração.
As crianças são capazes de aceitar o ponto de vista do outro, levando em conta mais de uma perspectiva, possuem pensamento lógico, conseguem realizar operações mentais, compreendem que existem ações reversíveis.
A criança possui maior capacidade de estar concentrada. Precisa operacionalizar e movimentar toda a realidade para chegar a conclusões. Começa a dar grande valor ao grupo de pares, começa a gostar de sair com os amigos, adquirindo valores como amizade, companheirismo, partilhas... Nessa fase começam a aparecer os lideres.
As crianças têm capacidade de classificação, reversibilidade e agrupamento.

OPERATÓRIO FORMAL (12 anos em diante)
Nessa fase a criança trabalha com a lógica das idéias e não com as imagens.
Ocorre o desenvolvimento das operações de raciocínio abstrato. A criança se libera totalmente do objeto, não precisa operacionalizar e movimentar toda a realidade para chegar a conclusões.
Possui raciocínio hipotético-dedutivo: coloca hipóteses, formulando mentalmente todo o conjunto de explicações possíveis.
É capaz de pensar sobre o próprio pensamento e sobre os pensamentos de outras pessoas, percebendo que, em face de uma mesma situação, diferentes pessoas têm diferentes pontos de vista.


É importante conhecer o nível de desenvolvimento da criança, ou seja, a sua forma de pensamento, pois assim o professor pode propor atividades e experiências que contribuam para o progresso da criança.
A maioria das atividades,na escola, exige que a criança fique sentada, parada, com atenção numa única direção. Para realizar essas tarefas é necessário muito controle, o que normalmente acontece no estágio operatório formal, ou seja, “... a intensidade com que a escola exige essas condutas é superior às possibilidades da idade, o que propicia a emergência de dispersão e impulsividade (...)”. (WALLON apud GALVÃO, 1995: 109).

sábado, 25 de abril de 2009

MOSAICO

A primeira coisa que fiz quando li a proposta desse trabalho foi pesquisar sobre os conceitos de raça e etnia, pois parecem semelhantes, mas há uma grande diferença já que o conceito de raça está relacionado ao caráter físico, biológico dos povos enquanto etnia está relacionada às diferenças culturais dos povos.

Durante a realização dessa atividade com as crianças foi possível perceber que algumas famílias mantém alguns costumes da cultura de suas origens e dedicam tempo para conversar sobre isso com seus filhos, enquanto outras famílias disseram não saber sobre suas origens familiares, não sei se por falta de interesse e tempo para conversar com os filhos ou pela grande mistura de povos que constitui o povo brasileiro.

Esse trabalho foi, para algumas crianças, um momento de interação com a família, de diálogo, de trocas, pois elas chegaram na escola contando histórias que ouviram dos pais, conhecendo e construindo suas próprias histórias de vida.

Na escola, tiveram a oportunidade de conhecer várias etnias, ou seja, culturas diferentes. Essa troca de experiências ensina a conviver respeitando e valorizando as diferenças, sejam de raça, etnia, religião, classe social... As crianças também refletem sobre o preconceito e descobrem que ele existe, mas são unânimes em dizer que devemos rejeitar a discriminação.

Tenho aprendido muito nesses últimos semestres fazendo relações entre teorias e práticas e essa atividade do Mosaico étnico-racial, foi mais uma atividade onde comprovei a possibilidade e a necessidade de nos desvincularmos apenas da linguagem oral e escrita, mas partirmos da ação, onde a criança não fica imóvel, apenas ouvindo e repetindo, mas onde ela interage, ela traz seus conhecimentos para sala de aula, troca experiências com os colegas, manipula objetos e principalmente reflete sobre o que está sendo discutido. Dessa forma constrói seus próprios conceitos, que poderão ser sistematizados pelo professor.

O que escrevemos no caderno do dia do trabalho foi construído em conjunto por todas as crianças e a professora: “Somos uma mistura de povos e assim uma mistura de culturas com diferentes crenças, sotaques, comidas, costumes, mas todos devem ser respeitados e valorizados.”



quinta-feira, 16 de abril de 2009

MOSAICO

Essa semana estou trabalhando na construção de um mosaico étnico-racial com meus alunos.
Na primeira etapa as crianças pesquisaram sobre a origem de seus sobrenomes, trouxeram fotos da família e relataram alguns costumes e tradições do povo de sua descendência. Trocaram idéias, observaram semelhanças e diferenças, desenharam, recortaram e colaram fotos e gravuras. Durante esse trabalho iam surgindo questões sobre as diferenças e eu ia fazendo as intervenções através de questionamentos, as crianças refletiam e interagiam nas respostas e dessa forma concluíram que devemos respeitar cada pessoas como ela é, sem discriminação, ou seja, independente de raça, cor, etnia ou religião.
Agora vamos montar o mosaico com o material que as crianças trouxeram e confeccionaram, assim que estiver pronto postarei aqui as imagens e minhas reflexões sobre esse trabalho.

sábado, 11 de abril de 2009

Necessidades educacionais especiais.

De acordo com os textos propostos para a Unidade 2 conclui que a lei proporciona o direito à educação, pública e gratuita, das pessoas com deficiências, condutas típicas e altas habilidades.
Esse conhecimento sobre as leis é muito importante aos educadores e principalmente às famílias das pessoas com necessidades especiais, pois permite que seja exigido o cumprimento do direito de educação a todos e todas as especificidades relativas à educação especial. Mas sabemos que na prática o cumprimento de tudo o que está previsto na lei está longe de acontecer realmente e que somente esse registro legal, não assegura direitos numa realidade onde as Políticas Públicas ainda não contemplam a Educação Especial na prática e onde ocorre a exclusão social.
A inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais nas escolas é um grande desafio, que precisa de um trabalho coletivo da escola, de seus profissionais, das famílias e dos serviços especializados (quando necessário). Essas “atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela.” (Texto: Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva).

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Modelos pedagogicos e modelos epistemologicos

Reflexão baseada na teoria

Os modelos pedagógicos são sustentados pelos modelos epistemológicos, ou seja, a Pedagogia diretiva pelo empirismo, a Pedagogia não-diretiva pelo apriorismo e a Pedagogia Relacional pelo construtivismo.
O modelo da Pedagogia diretiva é baseado no modelo epistemológico empirista, em que o professor é o centro da aprendizagem, aquele que transmite o conhecimento e o aluno passivamente repete.
O modelo da Pedagogia não-diretiva é baseado no modelo epistemológico apriorista,onde o professor é um auxiliar do aluno, que já nasce com o conhecimento e aprende por si mesmo.
O modelo da Pedagogia relacional é baseado no modelo epistemológico construtivista, onde o professor deve sempre instigar o aluno à reflexão, problematizar situações que façam o aluno pensar, fazer descobertas e construir sua aprendizagem. Nesse modelo há troca, interação e cooperação entre professor e aluno.
Quando iniciei meu trabalho há 24 anos atrás fui preparada através de uma Pedagogia diretiva e foi isso que encontrei na prática quando cheguei na escola. As crianças sentadas umas atrás das outras, ouvindo e repetindo, os professores acreditando que o conhecimento era transmitido e que o aluno só aprende se o professor ensina. Iniciei meu trabalho dessa forma, mas nunca acreditei nisso, apenas não tinha experiência e pouco conhecimento, agi de forma empirista por algum tempo, mas isso me deixava com muitas dúvidas sobre a aprendizagem das crianças. Depois de algum tempo, com mais experiência, comecei a trabalhar com os alunos sentados em grupos, com questionamentos e problematizações, com a ação das crianças primeiro, suas reflexões e depois a construção dos conceitos.
Naquela época eu trabalhava com alfabetização e era totalmente contra a memorização mecânica das famílias silábicas.Comecei a trabalhar com a realidade das crianças, com a relação dos sons das letras e sílabas dos nomes das crianças, dos nomes dos objetos da sala de aula, dos personagens das histórias infantis, dos animais das crianças (que íamos visitar em casa ou elas traziam para escola). Comecei a trabalhar com as hipóteses de escrita da criança (somente mais tarde é que conheci o trabalho de Emília Ferreiro), sem a memorização mecânica das sílabas, mas através das relações. Isso foi novo para mim também, claro que tive dúvidas e incertezas, mas deu certo e as crianças alfabetizaram-se com sucesso.Dessa forma acreditei que a aprendizagem acontecia de maneira mais significativa . Algumas colegas acharam um trabalho diferente e começaram a refletir sobre isso, outras criticaram dizendo que iria virar bagunça.
Hoje, continuo alfabetizando e acredito que já trabalho a muitos anos de acordo com a Pedagogia relacional, mas não sabia disso teoricamente.