terça-feira, 8 de junho de 2010

Em busca da autonomia

Trabalhamos nessa semana sobre os hábitos de higiene, após as pesquisas, reflexões, construções de cartazes a proposta era de construir uma história sobre o tema, confeccionar os personagens e apresentar, mas na hora de formar os grupos surgiu um conflito. Um menino disse: “Prô, tu poderia formar os grupos." Questionei por que, afinal eles sempre escolhem seus grupos. Ele respondeu que havia alguns colegas que sempre ficavam juntos e que ele achava melhor trocar os grupos e trabalhar com outros colegas. Perguntei à turma se concordavam, a maioria disse que sim. Questionei sobre o que poderíamos fazer, disseram que era melhor a professora escolher. Sugeri então, que fizéssemos um sorteio. Aceitaram a proposta e trabalharam nos grupos com interação e colaboração, mas algumas crianças me perguntam muitas decisões que precisam tomar, ainda não conseguem decidir isso no grupo, precisam da aprovação da professora. Sempre devolvo a pergunta dizendo que precisam decidir juntos o que será melhor para o grupo. É difícil trabalhar a autonomia na escola quando não há continuidade do trabalho, ou seja, alguns professores trabalham para desenvolve-la e outros não. É necessário que esse seja um projeto de toda a escola.
Na escola, desde os tempos mais antigos, as crianças não são estimuladas a pensar e tomar decisões, ao contrário, são levadas a obedecer e dar respostas prontas, memorizadas.
Por isso através do trabalho em grupo, do respeito à opinião das crianças, das reflexões proporcionadas pelos questionamentos e da relação afetiva entre professor e aluno é possível o desenvolvimento da autonomia. Sobre isso Célia Barros dos diz:
“Quando os adultos não castigam as crianças por seus erros, mas usam diálogo, trocando pontos de vista com elas, estão desenvolvendo a sua autonomia, a capacidade de tomar decisões por si mesmas, levando em consideração o ponto de vista das outras pessoas. As crianças que são estimuladas a tomar decisões são encorajadas a pensar. O oposto da autonomia é a heteronomia: seguir as opiniões de outras pessoas. Muitos adultos não se desenvolveram, mantiveram-se intelectualmente heterônomos e acreditam no que lhes dizem, sem fazer perguntas. Aceitam conclusões ilógicas, slogans e propagandas, sem questioná-los”. (Barros, 1996, pág. 33).

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Olá, Ligia:

De fato, ainda há muitos adultos heterônomos. Mas podemos ficar otimistas, pois esta visão, na educação, está se modificando e cada vez há a valorização da troca, autonomia, cooperação e espaço para questionamentos, não é mesmo?

Grande abraço, Anice.