sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Eixo 9 x TCC

No eixo 9 a proposta foi à construção do Trabalho de Conclusão de Curso. Esse foi o trabalho mais difícil de ser elaborado, pois não tivemos uma Interdisciplina que nos preparasse para essa construção, além de termos pouco tempo para pesquisar e desenvolver todo o trabalho. Porém, ao mesmo tempo, foi muito gratificante escrever sobre um tema em que sempre acreditei, desenvolver uma pesquisa de campo, ler e refletir sobre as teorias a esse respeito e confirmar que a escola deve voltar-se para a qualidade das suas relações, valorizando o desenvolvimento afetivo e social e não apenas o cognitivo, como elementos fundamentais no desenvolvimento da criança e do jovem. As relações de mediação feitas pelo professor devem ser sempre baseadas por sentimentos de respeito, aceitação e valorização do aluno, pois esses sentimentos marcam a relação do aluno com o objeto de conhecimento e elevam sua auto-estima , fortalecendo a confiança em suas capacidades.
De acordo com Rodrigues a aprendizagem escolar depende, basicamente, dos motivos intrínsecos: uma criança aprende melhor e mais depressa quando se sente querida, está segura de si e é tratada como um ser singular (...). Se a tarefa escolar atender aos seus impulsos para a exploração e a descoberta, se o tédio e a monotonias forem banidos da escola, se o professor, além de falar, souber ouvir e se propiciar experiências diversas, a aprendizagem infantil será melhor, mais rápida e mais persistente. Os motivos da criança para aprender são os mesmos motivos que ela tem para viver. Eles não se dissociam de suas características físicas, motoras, afetivas e psicológicas do desenvolvimento (RODRIGUES, 1976, p.174).

terça-feira, 9 de novembro de 2010

TCC x Eixo 8

No eixo 8 trabalhamos com o Estágio Supervisionado, abaixo trago um recorte de uma reflexão semanal sobre uma atividade realizada com a turma 932- 3° ano do Ensino Fundamental:
As crianças fizeram suas pesquisas na internet sobre os hábitos de higiene, assistiram dois vídeos sobre o tema, jogaram joguinhos envolvendo o cuidado com os dentes, com o corpo e com o ambiente onde vivem. Refletiram sobre suas pesquisas e construíram cartazes com suas descobertas. Apresentaram seus trabalhos para os colegas, que interagiram relatando suas experiências e responderam aos questionamentos feitos pela professora. Na hora de formar os grupos par dar continuidade à proposta de construir uma história sobre o tema, confeccionar os personagens e apresentar, surgiu um conflito. Um menino disse: “Prô, tu poderia formar os grupos." Questionei por que, afinal eles sempre escolhem seus grupos. Ele respondeu que havia alguns colegas que sempre ficavam juntos e que ele achava melhor trocar os grupos e trabalhar com outros colegas. Perguntei à turma se concordavam, a maioria disse que sim. Questionei sobre o que poderíamos fazer, disseram que era melhor a professora escolher. Sugeri então, que fizéssemos um sorteio. Aceitaram a proposta e trabalharam nos grupos com interação e colaboração, mas algumas crianças me perguntam muitas decisões que precisam tomar, ainda não conseguem decidir isso no grupo, precisam da aprovação da professora. Sempre devolvo a pergunta dizendo que precisam decidir juntos o que será melhor para o grupo.
Na escola, desde os tempos mais antigos, as crianças não são estimuladas a pensar e tomar decisões, ao contrário, são levadas a obedecer e dar respostas prontas, memorizadas.
Por isso através do trabalho em grupo, do respeito à opinião das crianças, das reflexões proporcionadas pelos questionamentos e da relação afetiva entre professor e aluno é possível o desenvolvimento da autonomia. Sobre isso Célia Barros dos diz: “Quando os adultos não castigam as crianças por seus erros, mas usam diálogo, trocando pontos de vista com elas, estão desenvolvendo a sua autonomia, a capacidade de tomar decisões por si mesmas, levando em consideração o ponto de vista das outras pessoas. As crianças que são estimuladas a tomar decisões são encorajadas a pensar. O oposto da autonomia é a heteronomia: seguir as opiniões de outras pessoas. Muitos adultos não se desenvolveram, mantiveram-se intelectualmente heterônomos e acreditam no que lhes dizem, sem fazer perguntas. Aceitam conclusões ilógicas, slogans e propagandas, sem questioná-los” . (Barros, 1996, pág. 33).
Através das atividades lúdicas, as crianças aprendem com prazer. No momento em que as crianças foram autoras das histórias, construíram seus personagens e apresentaram seus trabalhos estavam desenvolvendo a imaginação, a criatividade, fazendo relações com suas realidades e principalmente estavam sendo sujeitos ativos na construção de suas aprendizagens , desenvolvendo a autonomia.
Nessa reflexão semanal fica claro a importância da afetividade na relação professor-aluno, pois, a afetividade na relação professor-aluno não se restringe apenas ao contato físico, já que essas trocas afetivas vão tornando-se mais complexas e sendo substituídas pelo respeito, pela compreensão, pelas trocas, pelo diálogo, ou seja, cabe ao professor oferecer possibilidades ao aluno para realizar as atividades de acordo com suas possibilidades e com confiança em sua capacidade.
De acordo com Fernandez (1991) toda aprendizagem está impregnada de afetividade, já que ocorre a partir das interações sociais, num processo vinculado. Na aprendizagem escolar, a relação entre alunos, professores, conteúdo escolar, livros e escrita, não se dá puramente no campo cognitivo. Existe uma base afetiva permeando essas relações, visto que, para aprender é necessário um vínculo de confiança entre quem ensina e quem aprende. O processo de ensino e aprendizagem é complexo e pode trazer tanto para o educador quanto para o educando momentos de alegrias, angústias, tristezas, mas também de grandes realizações.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Eixo 7 x TCC

Na Intercisciplina de Seminário Integrador VII refletimos sobre um texto de Humberto Maturana,onde o tema do texto possui uma relação direta com o tema do TCC- afetividade, emoções. Abaixo faço um recorte de um Forum onde discutimos o texto:
21/09/2009 23:24:21
Ligia Regina dos Passos
O texto Aprendizagem como transformação estrutural na convivência (Humberto Maturana) de REAL (2007) traz uma reflexão interessante sobre as emoções, pois se pensarmos no dia-a-dia da sala de aula, a relação entre professores e alunos pode facilitar ou dificultar a aprendizagem dependendo dessas emoções, que podem estar baseadas no medo ou no amor. Também, dependendo da emoção nessa relação, pode-se desenvolver a solidariedade e a cooperação que geram aceitação do outro ou o egoísmo e a competição que geram a rejeição do outro.
Esse trecho possui uma forte relação com meu TCC, pois segundo Rodrigues (1976,p.173), os motivos humanos para aprender qualquer coisa são profundamente interiores. A criança deseja aprender quando há em si motivos profundamente humanos que desencadeiem tais aprendizagens. Considerando esta afirmação, o autor salienta que, a aprendizagem escolar depende, basicamente, dos motivos intrínsecos: uma criança aprende melhor e mais depressa quando se sente querida, está segura de si e é tratada como um ser singular (...). Se a tarefa escolar atender aos seus impulsos para a exploração e a descoberta, se o tédio e a monotonias forem banidos da escola, se o professor, além de falar, souber ouvir e se propiciar experiências diversas, a aprendizagem infantil será melhor, mais rápida e mais persistente. Os motivos da criança para aprender são os mesmos motivos que ela tem para viver. Eles não se dissociam de suas características físicas, motoras, afetivas e psicológicas do desenvolvimento (RODRIGUES, 1976, p.174)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Tcc x Eixo 6

Na Interdisciplina de Filosofia da Educação refletimos sobre o texto Educação após Auschwitz. Abaixo apresento um texto que escrevi, como proposta de um trabalho, após a leitura e reflexões feitas nos fóruns, que tem uma grande relação com o tema a importância da afetividade na educação.

“Diante de uma sociedade que promove a desigualdade social e da prática de uma educação ainda muito autoritária, onde grande parte dos educadores acreditam ser os donos do saber, o texto de Adorno evidencia uma grande preocupação, ou seja, impedir o retorno à barbárie.
Adorno relaciona a barbárie com o nazismo, pois nele a violência física tornou-se algo comum e essa foi sua preocupação, que isso voltasse a acontecer e a violência se tornasse comum na vida das pessoas.
Infelizmente a educação, desde os tempos mais antigos, assumiu um papel de manipulação das pessoas em favor de uma classe dominante, gerando o autoritarismo e formando as pessoas passivas, aceitando tudo aquilo que era imposto e assim vem acontecendo até os dias de hoje.
Evitar a volta da barbárie não depende apenas de mudanças na educação, mas sim nas relações sociais das pessoas em casa, no trabalho, na escola, nos movimentos sociais, na luta política contra a dominação, ou seja, o processo de libertação humana depende desse conjunto de mudanças. A educação sozinha não tem chance de lutar contra a barbárie burocratizada que mantém o sistema, mas a educação tem chance sim de formar a consciência critica de cada individuo, possibilitando a formação de pessoas com autonomia e autodeterminação para que se tornem agentes de transformação social pensando nas relações humanas, na preocupação com o outro, tendo a consciência de que o outro não é uma “coisa”, mas um ser humano que merece e deve ser respeitado.
Diariamente, através da mídia e de nossas vivências pessoais, observamos casos de agressões e de violência ao nosso redor, mas não podemos aceitar isso como algo natural. Para isso cada um precisa fazer a sua parte, ou seja, o governo oferecer condições dignas de trabalho, os pais educarem seus filhos com limites, diálogo e amor, os educadores entenderem que a educação não é meramente transmissão de conteúdos e a comunidade integrar-se na sociedade com uma participação efetiva.
A escola precisa, desde a educação infantil, incentivar a boa convivência, a solidariedade, a cooperação, o respeito, a tolerância, pois são práticas de convivência fundamentais na formação do ser humano que, caso não sejam estimuladas, geram o individualismo, a necessidade de ser melhor do que os outros, nem que seja através da brutalidade ou da agressão.
Refletindo sobre o texto, pensei na relação possível com outras interdisciplinas que estamos estudando como os Projetos de Aprendizagem, no Seminário Integrador, estes seriam meios de aprendizagem dinâmicos, baseados no interesse do aluno, que proporcionam a ele participar do seu processo de construção da aprendizagem, mudando a concepção de autoritarismo, onde tudo parte do professor. Também foi possível relacionar com a Educação de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais e Questões Étnico-raciais, pois a escola de hoje precisa mudar seu olhar em relação à diversidade, entendendo que os alunos não aprendem todos a mesma coisa ao mesmo tempo, mas cada um vai construindo sua aprendizagem e que é necessário reconhecer nas diferenças uma possibilidade de trocas, saber explorar a riqueza de cada diferença.
Enfim é preciso que o ser humano não considere a agressão como uma atitude normal, mas sinta vergonha de qualquer tipo de agressão, seja ela física, psicológica, preconceituosa ou qualquer outra para que Auschwitz não se repita.”

Relacionando o texto ao TCC é possível compreender a necessidade da afetividade na relação entre professor-aluno e entre toda a comunidade escolar como forma de respeito mútuo entre todos e de cooperação para o desenvolvimento da aprendizagem.
Os problemas de aprendizagem são de fato difíceis de serem compreendidos. No entanto, para avançar na compreensão do não aprender, um primeiro passo é olhar para a criança ou para o jovem em sua totalidade afetiva e cognitiva, conforme sugere a teoria piagetiana, ao considerar a afetividade e a inteligência como aspectos inseparáveis, irredutíveis e complementares da conduta humana.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

TCC X Eixo 5

Na interdisciplina de Organização do Ensino Fundamental trabalhamos sobre Currículo, Regimento Escolar e Projeto Político Pedagógico. A seguir destaco algumas reflexões feitas durante o semestre a partir da leitura do texto Organização Curricular da Escola e Avaliação da Aprendizagem de Maria Beatriz Gomes da Silva:
“Durante a realização desse trabalho, analisando o PPP e o Regimento da escola Nossa Senhora Aparecida e lendo o texto Organização Curricular da Escola e Avaliação da Aprendizagem de Maria Beatriz Gomes da Silva, refleti sobre o que realmente acontece no nosso dia-a-dia e acredito que temos muitas coisas importantes escritas que, infelizmente, não acontecem na prática. Por exemplo “a escola se propõe a romper com a fragmentação do conhecimento através de um planejamento coletivo...” Está escrito no PPP, mas na prática ainda há muita fragmentação e trabalho individualizado dos professores
Acredito que o Currículo precisa de mais flexibilidade, o que já existe, pois de acordo com o texto “Esta flexibilidade contida na atual LDB, apesar de mais de dez anos de sua promulgação, ainda representa algo novo para as escolas e para os profissionais da educação...”, ou seja, para muitos é preferível ficar com suas certezas do que enfrentar os novos desafios e assim continuam trabalhando da mesma forma e ao mesmo tempo com todos, sem respeitar a individualidade do aluno.
Muitos professores questionam a avaliação e começam a lançar um novo olhar sobre esse tema, entendendo a avaliação como uma forma de orientar os alunos em suas dificuldades, mas muitos ainda utilizam apenas a aplicação de instrumentos para verificação da quantidade de informações que os alunos receberam, tratando-os de maneira fria, sem levar em conta o lado humano e, talvez, por isso temos tantos problemas com a disciplina dos alunos.
Acredito que na escola onde trabalho é necessário trabalhar mais de forma coletiva e interdisciplinar, buscando articulações entre todos os segmentos da escola, com um currículo mais flexível, de forma mais humana e compreendendo a avaliação como um processo que ocorre no dia-a-dia, com o objetivo de orientar o aluno e ajuda-lo na superação de suas dificuldades.”
Relacionando ao tema do TCC é possível observar o quanto falta ainda em nossas escolas a afetividade na relação entre professor e aluno, o quanto falta o lado humano, entendendo que o aluno não é um número e nem alguém que deve simplesmente ouvir e obedecer. Sendo respeitado, ele aprenderá a respeitar. Sendo ouvido, ele aprenderá a ouvir, sendo questionado e levado a pensar, fará descobertas e sentirá prazer em aprender, estará motivado.
Segundo Moran (2007) A educação está baseada mais no controle do que no afeto, no autoritarismo do que na colaboração. Nossas escolas, nosso governo, nossos negócios estão permeados da visão de que nem o indivíduo nem o grupo são dignos de confiança. Deve existir poder sobre eles, poder para controlar. O sistema hierárquico é inerente a toda a nossa cultura.
No entanto a afetividade é um componente básico do conhecimento e está ligado ao sensorial e ao intuitivo. A afetividade se manifesta no clima de acolhimento, empatia, da compreensão para consigo mesmo, para com os outros e com o objeto de conhecimento. A afetividade dinamiza as interações, as trocas, a busca, os resultados, promove a união e propicia um ambiente favorável a construção da aprendizagem.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

TCC x Eixo 4

A afetividade afeta diretamente no processo de aprendizagem como um elemento motivador e facilitador desse processo. Porém muitos professores negligenciam os aspectos afetivos, dando ênfase apenas aos aspectos cognitivos. Dessa forma a pesquisa do TCC tem como questão norteadora: De que maneira a relação professor-aluno interfere no processo ensino aprendizagem?
A afetividade está relacionada com o respeito, a compreensão, as trocas, o diálogo, ou seja,aprender a sentir é fundamental, pois muitos professores estão perdendo a sensibilidade em troca, unicamente, da cognição. Dessa forma cabe ao professor oferecer possibilidades ao aluno para realizar as atividades de acordo com suas possibilidades e com confiança em sua capacidade.
Todas essas atitudes relacionadas com a afetividade foram enfatizadas nas interdisciplinas do Eixo 4. Nas interdisciplinas de Representação do Mundo pela Matemática, pelos Estudos Sociais e pelas Ciências refletimos sobre a necessidade do aluno pensar, ser desafiado a buscar respostas e discuti-las com os colegas, partir da ação e reflexão sobre essa ação para depois construir conceitos, como no recorte abaixo feito em um trabalho de Representação do mundo pelas ciências:
Normalmente o ensino de Ciências acontece como transmissão de informações, onde o aluno repete o que o professor ensinou. Nessa forma de trabalhar não é levado em conta o conhecimento que a criança já possui ao entrar na escola, conhecimento esse adquirido em suas vivências no seu dia-a-dia, ou seja, o ensino parte da teoria para os exemplos, enquanto deveria começar pelos exemplos trazidos pelas crianças, onde elas tivessem a oportunidade de questionar, refletir, explorar, formular hipóteses e assim a escola iria sistematizar essas informações para desenvolver o conhecimento científico.De acordo com o texto Repensando o ensino de Ciências a partir de novas histórias da ciência “É a partir dos problemas e interesses de nossos estudantes que podemos integrar novas informações e conceitos, ampliando aquelas visões iniciais. A escola, geralmente por desconhecer os conhecimentos prévios dos estudantes, simplesmente justapõe novas informações às preexistentes sem chegar a transformá-las”.
Em Estudos Sociais, outro recorte importante retirado de um trabalho:
Na atualidade, cada vez mais vemos os professores angustiados em não perder tempo, uma vez que os currículos parecem privilegiar cada vez mais a quantidade de matérias a serem trabalhadas. Entre essas matérias encontramos os Estudos Sociais, meio esquecido ou deixado em segundo plano, já que a grande preocupação fica por conta da leitura e da escrita. De acordo com Maria Aparecida Bergamaschi “Planejar um trabalho pedagógico que envolva escrita e leitura já não seria suficiente nas séries iniciais?”.
Hoje, após nossos estudos e reflexões, precisamos, como professores, promover uma educação voltada para o desenvolvimento de competências que preparem o aluno para compreender e intervir no mundo em que vive. Para isso podemos trabalhar, igualmente e de forma integrada todas as disciplinas, iniciando em Estudos Sociais com o resgate da memória individual e coletiva dos alunos, levando-os a participarem da construção de sua aprendizagem e do processo histórico em que estão inseridos.
Em Matemática destaco uma parte de uma reflexão:
Relacionando com os conceitos abordados, posso afirmar que o uso do material concreto é importante para formação de noções matemáticas, mas o que falta em nossa prática é a reflexão, pois as crianças não aprendem apenas manipulando objetos, mas refletindo sobre essa atuação com os objetos.
Precisamos contextualizar a matemática com o ambiente em que o aluno está inserido, fazer relações com esse meio e através do conhecimento da criança propor desafios para ela pensar e construir sua aprendizagem. Aos poucos vamos sistematizando aquilo que a criança já utiliza em seu dia-a-dia.
Todos esses exemplos estão diretamente relacionados ao tema da afetividade, pois para que seja possível essa renovação metodológica, primeiramente é necessário que o professor pare para ouvir seu aluno, conhecer sua realidade, trabalhar com a pedagogia da pergunta, pois é a partir daí que surge a curiosidade e a motivação para a pesquisa, buscando respostas e construindo conceitos e aprendizagens. Acredito que isso é afetividade, trocar, respeitar, dialogar, aprender junto com o aluno, assumindo um novo papel, o de mediador do conhecimento.
Vasconcelos (1994) entende que a influência do professor em sala de aula é muito grande, seja positiva ou negativa. Não tanto pelo conteúdo que ministra, mas muito mais pelo que ele é como pessoa e pelo seu relacionamento com os alunos.
O professor afetivo é aquele que desenvolve estratégias pedagógicas, educativas, dinâmicas e criativas, demonstra prazer em ensinar, estimulando os alunos e envolvendo-os nas decisões e nos trabalhos do grupo. O professor deve estar centrado na pessoa do aluno, compreendendo suas principais necessidades e incluindo-as no planejamento do ensino.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Reflexões sobre as aprendizagens durante o curso

Percebi durante o curso que já pensava e concordava com as idéias de alguns autores, mesmo sem conhecer suas teorias, como Maturana (Real, 2007) que sustenta que a linguagem se fundamente nas emoções e é a base para a convivência humana, como Freire (Martin, 2007) que coloca como necessário para a educação o diálogo, que pressupõe trocas entre os sujeitos, como Piaget (Martin,2007) que embasa sua teoria na ação, na conscientização, num método que conduza o educando a autonomia, levando em conta os estágios de desenvolvimento em que ele se encontra.
Nunca acreditei na aprendizagem onde o aluno é um simples reprodutor do conteúdo ou onde ele deva apenas memorizar o que o professor transmite. Sempre acreditei na troca de experiências, na interação com os alunos e na relação afetiva entre professor e aluno.
Refleti, quase que diariamente, sobre minha prática, uma questão que esteve presente em todas as interdisciplinas, que é o fato de que nem todos aprendem a mesma coisa ao mesmo tempo. Iniciei meu trabalho sempre trabalhando a mesma coisa com todos ao mesmo tempo e logo passava para outro conteúdo, deixando alguns alunos sem a compreensão do conteúdo anterior e assim sucessivamente.
Hoje entendo a importância de conhecer e compreender os estágios de desenvolvimento da criança, perceber em que estágio a criança está e propor atividades compatíveis com esse estágio, trabalhar com Projetos de Aprendizagem que levem em conta o que os alunos já sabem, conhecer suas dúvidas e certezas, seus interesses, reconhecer nas diferenças uma possibilidade de trocas, saber explorar a riqueza de cada diferença, eliminar o preconceito e a discriminação, investir no processo de humanização, mudar a concepção de aprendizagem como transmissão de conteúdos para aprendizagem que acontece a partir da ação, pois o conhecimento é resultado da ação do sujeito sobre o mundo.
Hoje sei também que é importante proporcionar o trabalho com diferentes formas de linguagens e que é através do trabalho cooperativo e das trocas que cada um vai, de acordo com seu próprio tempo, construindo sua aprendizagem e meu papel é de mediadora, proporcionando desafios que façam os alunos pensarem , fazendo questionamentos para suas reflexões e permitindo que possam expressar suas idéias, aprendendo a argumentar. É um trabalho difícil, que exige muita reflexão do professor e conhecimentos teóricos, mas é o melhor caminho para uma aprendizagem significativa.
Esses são os caminhos para uma educação cooperativa, autônoma e centrada no aluno que leve a uma transformação efetiva da sociedade. A transformação só é possível quando a pessoa acredita ser necessário mudar e sempre num processo dinâmico de dentro para fora, pois sendo assim será significativa. Essa transformação será gradual, mas precisa ser iniciada e nós, como educadores, estamos tendo a oportunidade de aprendermos para iniciarmos essa transformação.
“A cooperação só acontece na aceitação do outro”. (Maturana, 1993).
Conforme Rubem Alves (2005) "nossos sentidos são todos órgãos de abrir-se para o mundo, de ter prazer nele. E qual é a tarefa da educação senão levar-nos a aprender a amar, a sonhar, a construir os próprios caminhos, a descobrir novas formas de ver, ouvir, sentir e refletir, aceitando os desafios dos caminhos no mundo?”.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O "Reencantamento" da escola

A afetividade aqui pesquisada na relação professor-aluno não se restringe apenas ao contato físico, visto que as trocas afetivas vão tornando-se mais complexas e sendo substítuidas pelas trocas, pelo diálogo, ou seja, cabe ao professor oferecer possibilidades ao aluno para realizar as atividades de acordo com suas possibilidades e com confiança em sua capacidade. Os processos de ensinar e de aprender se evidenciam pelas transformações das pessoas envolvidas e pelas mudanças nos ambientes onde se desenvolvem.
No dia-a-dia escolar observamos que as relações têm se mostrado cada vez mais difíceis.Diante disso existe uma grande descrença da escola como espaço de construção de conhecimento.É necessário recuperar o "reencantamento" da escola através da emoção, da alegria, do respeito , do diálogo, da aceitação das diferenças, da renovação metodológica. Sobre isso refletimos na Interdisciplina de Escola, Projeto Pedagógico e Currículo
"Para Freire (1997) e Perrenoud (1999), uma proposição de ensino que considere as construções do aluno, têm um professor que atua como protagonista da ação pedagógica, mostrando-se curioso, prestando atenção naquilo que o aluno diz/não diz ou faz/não faz. Além disso, colabora para que ele seja capaz de articular seus conhecimentos prévios com os conhecimentos escolares construídos ou apropriados ao longo de sua escolarização inicial. Esses últimos, são aqui entendidos como conhecimentos institucionalizados que compõe o currículo explícita e implicitamente, conjunto de conteúdos/saberes disciplinares a serem explorados formalmente pela escola, “conhecimentos organizados, culturalmente, em saberes ou disciplinas específicas” (COLL, 1998, p.85).

Reflexões feitas a partir do texto Formação de Professores: Feflexões Sobre os Saberes e Fazeres da Escola de Doris Pires Vargas Bolzan.

Referências:
BOLZAN, Doris Pires Vargas. Formação de Professores: Reflexões Sobre os Saberes e Fazeres na Escola. In. ANTUNES, Helenise (org.) Práticas Educativas: Repensando o Cotidiano dos(as) em Formação. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2005.

sábado, 11 de setembro de 2010

Razão e emoção

Apesar dos estudos e reflexões sobre o tema da importância da afetividade na educação, a escola continua priorizando o conhecimento racional em detrimento das relações afetivas. " Vivemos uma cultura que desvaloriza as emoções, e não vemos o entrelaçamento cotidiano ebtre razão e emoção, que constitui o viver humano, e não nos damos conta de que todo sistema racional tem um fundamento emocional." ( Maturana, 1999,p. 15).
Na experiência profissional vivenciada nesse ano, tenho observado, principalmente nas séries finais o quanto os alunos precisam ser ouvidos, expressar seus sentimentos, ter coragem para questionar e perguntar. A grande maioria não sabe expor uma opinião, não entende nem a tarefa que deve realizar, não demonstra interesse e nem motivação pelas atividades propostas. Observo que após as séries iniciais os alunos ainda necessitam e muito de diálogo, trocas, interação, respeito. No entanto são tratados como adultos que devem se virar sozinhos. O professor entra, passa a atividade ou manda copiar do livro, muitas vezes não relaciona com a realidade, apenas faz a leitura e aplica um questionário com muitas perguntas. Ponto final, a aula está dada.
Tenho entrado em turmas que dizem: "Copiar do livro é muito chato, não queremos mais fazer isso", ou então " Como vamos responder isso se a professora nem ensinou?".
Tudo isso causa uma grande tristeza em um educador comprometido com a educação. Entro nas salas e não tenho problemas de disciplina com as turmas consideradas "terríveis". Por que? Porque procuro equilibrar a afetividade com os limites, criando regras, conquistando a confiança deles, ouvindo suas opiniões, fazendo combinações, trocando idéias, motivando através do desafio.Tudo aquilo que sempre faço com meus pequenos e sempre deu certo, porém é necesário trabalhar de acordo com os interesses de cada faixa etária. É engraçado relatar que em uma turma de 6ª série uma aluna perguntou o que era "hipotése". Respondi que era hipótese e achei que estava tudo resolvido. Em seguida ela perguntou " o que é hipótese"?
Assim fica comprovado que os alunos das séries finais, assim como os das iniciais, precisam da nossa atenção,do afeto do professor, já que o ambiente vai afetar os sentimentos e atitudes dos alunos.
O afeto do professor, a sua sensibilidade e a maneira de se comunicar vão influenciar o modo de agir dos alunos.
Caso contrário continuaremos rumo ao aumento da indisciplina e da violência no ambiente escolar.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Eixo 2 x TCC

No eixo 2, na Interdisciplina de Desenvolvimento e Aprendizagem sob o enfoque da Psicologia estudamos sobre os conceitos de Inconsciente, Repressão, Complexo de Édipo, Transferência... Sobre conceitos de Id, Ego e Superego, sobre as fases do desenvolvimento afetivo, sobre os mecanismos de defesa e a a possibilidade e/ou impossibilidadeda psicanálise na educação. Trabalhamos com uma Trilha Psicanalítica, onde passavamos por pedras para chegar ao fim da trilha. Cada pedra era um desafio de uma atividade a ser realizada. A última pedra tinha o seguinte desafio:
Construção, de acordo com a teoria estudada, de uma história envolvendo um personagem professor fictício.
Esse trabalho foi desenvolvido em grupo. Lembro que nos reunimos e pensamos em muitas coisas, mas nada nos contentava, não conseguíamos contemplar o que desejavamos sobre as teorias estudadas. Até que fiz um comentário relatando uma situação que estava vivenciando em sala de aula, desabafei minhas angústias com as colegas e foi daí que surgiu a idéia de, baseadas nesses acontecimentos reais, escrevermos a nossa história.
Não lembrava mais disso e hoje, quando li novamente essa história, fiquei emocionada lembrando desse aluno e de tudo o que vivenciamos naquele período.
Essa história veio de encontro ao tema que estou pesquisando e me faz cada vez acreditar mais que a relação afetiva entre professor e aluno é fundamental no desenvolvimento da aprendizagem, não que ela seja determinante, mas é um fator facilitador desse proceso.
Abaixo a história criada pelo grupo.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Desenvolvimento e Aprendizagem sob o Enfoque da Psicologia
História fictícia baseada em fatos reais elaborada pelas seguintes alunas:
* Lígia Regina dos Passos
* Luíza Amélia Chiavaro
* Marinês de Medeiros
* Nara Souza de Oliveira


A Senhora Sorridente e o Menino dos Olhos Tristes



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Lá estava ela ...
Ainda lembro como se fosse hoje...
Seu rosto sorridente, seus modos carinhosos para com todos, me irritava. Como ela poderia agir assim?
Eu tinha seis anos, primeiro dia de aula, meu pai me trouxe e ficou ali parado comigo, sempre olhando o relógio, eu percebi que estava com pressa e queria ir embora, mas até saber quem seria minha professora ele ficaria ali.
Quando anunciaram que a minha professora seria a professora Ana, tive vontade de sair correndo, ficaria com a Senhora Sorridente. Não demorou um minuto e meu pai foi embora e disse que eu fosse sozinho para casa, pois ele iria trabalhar e não poderia vir me buscar. Tudo bem!
Senhora Sorridente foi nos colocando em uma salinha colorida, com mesinhas redondas, em grupos de quatro. Até que eu conhecia alguns colegas dali, pois moravam na mesma rua que eu.
Lembro que ela fez brincadeiras, jogos, musiquinhas com o nosso nome, mas ela me irritava.
Eu não queria estar ali, não queria ela, mas ao mesmo tempo...O jeito dela fazia com que eu sentisse algo que era uma mistura de sentimentos, difícil de explicar.
Então, tracei um plano: iria fazer com ela o que ela fazia comigo: iria irritá-la de tal forma que me mandaria embora.
E assim o fiz, gritei, chorei, debochei, cantei, briguei... Mas absurdamente ela não me mandava embora.Ela sentava do meu lado, agia com carinho, mas com firmeza, ouvia o que eu tinha a dizer, e quando estava certo me elogiava, e quando estava errado me explicava o porquê de não poder agir assim, e assim foi...
Teve um dia que ela pediu pra chamar meu pai, e aí sim achei que ela iria dizer a ele que me levasse embora. E ainda era o que eu queria. Na verdade queria morar com a minha mãe, mas ela tinha ido embora...
Mas não sei o que ela disse pra ele, e no lugar da bronca ele me deu colo! Nem me lembrava mais quando ele havia feito isso. E me disse que me amava incondicionalmente, sei lá o que queria dizer, mas gostei de ouvir!
Senhora Sorridente parecia um mistério para mim, o que disse ao meu pai? Qual o motivo que faz com que me ature? Por que não me manda embora?E se ela realmente gostar de mim? Não! Não posso pensar em gostar dela, não da senhora Sorridente não! Eu sei que todas elas nos mandam embora no final do ano, eu não quero gostar dela!
Mas o ano foi passando, deixe-me cativar pela Senhora Sorridente. Não ficava mais tão tenso quando me abraçava.
Fui visitar minha mãe nos dias das mães e dei a ela a lembrancinha feita na escola.
Meu pai foi percebendo que eu existia. Conversava mais comigo embora não deixasse de me dar umas broncas quando eu aprontava alguma.
Ás vezes ainda vinha o medo. Acho que era o mede de ser abandonado, rejeitado, mas ela me compreendia...
Ao final do ano fui aprovado para a próxima etapa. Foi feita uma festinha na sala. Tudo muito bom, e eu me sentia feliz, mas ao mesmo tempo triste. Tudo iria acabar? As conversas, o carinho, as bronquinhas...
Olhei fixamente para a professora e acho que ela entendeu o que estava sentindo, pois a Senhora Carinho, chegou perto de mim e disse-me: Parabéns estarei por aqui se precisares de mim!
Respirei aliviado, e voltei a brincar com meus colegas, me entendia e a meus colegas também, a todos ela dispensava a mesma alegria e carinho!
Aprendi muito mais que as letras, naquele ano. Parei de me esconder da vida e das pessoas, aprendi a voltar a confiar nas pessoas... Aprendi as coisas da vida!




Lá estava ele...

Seu rostinho triste ao lado do pai que parecia estar apressado, pois não parava de olhar o relógio. Qual o motivo de estar tão triste? Notei quando seus olhinhos cruzaram com os meus uma mistura de raiva e inquietude que não conseguia entender.
Todos ali estavam eufóricos, querendo iniciar mais um ano de aula.A expectativa era geral, tanto de pais como de alunos.
Notei que quando anunciaram minha turma o menininho triste seria meu aluno.Vi claramente a rejeição por parte dele. O pai o deixou vir e se afastou, ele entrou na sala meio arredio, sentou-se junto com mais três segundo sua preferência, mas seus modos eram um tanto agressivos e desdenhados...
OMenino dos Olhos Tristes se recusava a realizar as atividades, a brincar no grupo, a conversar sem gritar. Ridicularizava as músicas, debochava de tudo e de todos, e assim foi...
Percebia o quanto era incômodo para ele estar ali, eu sabia sua história. Sabia que a sua mãe o deixou, e foi morar com outra pessoa e este não o aceitou, e que da mesma forma o pai constituiu outra família, inclusive tendo mais um filho.
Então tracei um plano: ria fazer com ele o oposto do que ele fazia comigo e desta forma ele gostaria de estar ali.
E assim o fiz: o abracei, ouvi suas queixas, sequei suas lágrimas, tive paciência, conversei e expliquei o que cada situação queria dizer. O elogiei, mas também o repreendi quando era necessário.
Lembro que ele não me chamava pelo nome...
Teve um dia que pedi para chamar o pai dele. O pai sentou-se na minha frente e antes mesmo que eu dissesse qualquer coisa, disse-me que já não agüentava mais o menino, que ele estava impossível, brigão, respondão...Depois que o pai falou bastante, disse-lhe que tinha um filho maravilhoso, mas que estava precisando de carinho, atenção, colo, limites e paciência. Disse-lhe também que seria um processo longo, mas que deveríamos ser persistentes.
O pai calou-se com os olhos cheio de lágrimas e assentiu. Estava falhando como pai, mas havia tempo...
Saí daquela sala intimamente feliz. Anos e anos de magistério, inúmeras crianças que vem e que vão, cada um com suas histórias. Nem sempre soube agir com todos eles, tive muitos Olhinhos Tristes em minha turma ao longo destes anos, fui impaciente, achava que a rejeição era para com minha pessoa, os mandava para a orientadora, reclama aos pais, os ignorava, ou então batia de frente com eles. Mas como aquele pai havia dito: havia tempo... Aos poucos e com a maturidade que docência nos impõe fui revendo meus conceitos, me aperfeiçoando, me qualificando, entendendo...
Daquele dia em diante notei mudanças em Olhinhos Tristes. Olhava-me de uma maneira estranha, querendo saber alguma coisa. Dias depois me revelou que seu pai estava mais carinhoso e até colo havia ganho.
Fizemos uma lembrancinha para o dia das mães e ele me disse feliz que iria visitar sua mãe e que o entregaria a ela.
Sua resistência foi aos poucos diminuindo, já não se retesava quando o tocava, o processo foi realmente longo e em certos momentos parecia que todo o progresso retrocedia. Mas seguíamos em frente!


Ao final daquele ano, ele foi aprovado, Olhinhos Já Não Tão Tristes, me olhava fixamente na festinha de despedida, cheguei perto dele e disse-lhe: Parabéns estarei por aqui se precisares de mim!
Ensinei a ler, ensinei a escrever e tantas outras coisas.
Mas aprendi também a compreender mais as coisas da vida !

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A etapa final: o TCC

Estamos iniciando uma nova etapa no curso de graduação que é a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso, o famoso TCC. Assim como a maioria das colegas, também chego a essa etapa final com muitas dúvidas e incertezas quanto a elaboração de uma proposta de pesquisa. Por onde começar? Pelas leituras (referências bibliográficas)? O orientador e o tutor darão sugestões de bibliografia sobre o tema escolhido? Começaremos a pesquisar por conta própria a bibliografia referente ao tema? Como escolher um tema? Que tipos de metodologias poderemos utilizar para trazer a prática e relaciona-la com as teorias?
As dúvidas são muitas. Espero contar com a ajuda e o apoio do meu Orientador e da Tutora para esclarecer essas dúvidas, discutir algumas idéias, ouvir sugestões e iniciar meu trabalho com mais segurança e tranqüilidade.
A primeira idéia que tenho para pesquisar é a importância da afetividade na relação professor-aluno.
Durante toda minha vivência em sala de aula tenho observado que a relação entre professor e aluno contribui para o desenvolvimento da aprendizagem e para a conquista da auto-estima do aluno, através do relacionamento afetivo baseado no respeito, no diálogo e na compreensão entre ambos. Também tenho observado como essa relação pode modificar atitudes dos alunos, levando-os a compreenderem a necessidade do respeito, da solidariedade, dos limites para a boa convivência e a construção da aprendizagem.
É muito comum ouvirmos professores reclamando de alunos “problemas”, aqueles que não conseguem um comportamento e relacionamento satisfatório na sala de aula . Normalmente são encaminhados ao Serviço de Orientação Educacional com rótulo de “problema”. Acreditando que muitos desses “problemas” podem estar relacionados com a afetividade e comprometer a auto-estima do aluno, gostaria de pesquisar sobre esse tema, buscando respostas para as seguintes questões:
Existe relação entre a afetividade e a falta de interesse escolar?
Como os professores reagem diante de um aluno “problema”?
A relação afetiva entre professor e aluno pode melhorar a auto-estima do aluno e conseqüentemente a sua aprendizagem?

terça-feira, 29 de junho de 2010

Meu sonho

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Rubem Alves.


Meu grande sonho é que todas as escolas fossem asas e que todos os educadores conseguissem se desprender de suas certezas tornando-as dúvidas para que fossem repensadas e modificadas.
Somente assim poderia ver todos os alunos trabalhando com interesse, com entusiasmo, com alegria, respeitando um ao outro, participando, construindo seu conhecimento de modo cooperativo, trocando idéias, discutindo os problemas e juntos encontrando a melhor solução, enfim formando uma grande rede de aprendizagem.
Esse curso nos proporcionou uma sementinha desse sonho, agora cabe a cada um de nós contagiar os colegas para que seja possível iniciar uma mudança.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Conflitos

Essa foi uma semana marcada por conflitos. Na turma tem dois meninos que, ultimamente, vivem com divergências, brigam, implicam, provocam um ao outro. Essas divergências estão começando a gerar ressentimentos. Venho fazendo intervenções através do diálogo, eles não sabem dizer o motivo de suas atitudes, apenas jogam a culpa um no outro, mas reconhecem que estão agindo errado e se comprometem a cumprir nossas combinações. No entanto, no outro dia, tudo recomeça.
Lembrei das interdisciplinas de Filosofia e Psicologia II , quando refletimos sobre os conflitos, sobre a importância de lidar com os conflitos de forma positiva,através do diálogo com intervenções e questionamentos que podem ser oportunidades para mudança de comportamento. Quando agimos por impulso, por exemplo, dando um castigo para cada um sem fazer com que pensem sobre o por que agiram dessa ou daquela forma, estaremos mantendo o desrespeito entre eles, isso poderá gerar mágoa ou insegurança, e na primeira oportunidade a criança poderá expressar essa raiva de alguma forma. Ao contrário, quando oportunizamos a reflexão sobre seus atos, a criança é estimulada a falar sobre seus sentimentos, aprendendo a analisar a situação a sua volta.
Normalmente, quando uma criança ou um jovem tem necessidade de chamar a atenção com atitudes agressivas ou rebeldes é porque estão precisando de ajuda. O educador precisa ter a sensibilidade para perceber isso e transformar o conflito em uma oportunidade do aluno reconhecer a si mesmo e modificar sua forma de agir.
A mediação de conflitos pode melhorar a qualidade da convivência na escola, baseada no diálogo, possibilitando o desenvolvimento da cooperação entre a comunidade escolar, incentivando a boa convivência, a solidariedade, o respeito, a tolerância, ou seja, práticas de convivência fundamentais na formação do ser humano
É necessário refletir sobre os conflitos existentes no dia-a-dia para que as intervenções que serão feitas possibilitem à criança construir valores e regras, ou seja, as intervenções decorrentes dos conflitos podem trazer conseqüências significativas na formação moral das crianças.
Segundo a teoria de Piaget é por meio dos conflitos que o processo de equilibração ou auto-regulação é desencadeado.
O que observo na prática é que os conflitos são vistos como prejudiciais ao bom desenvolvimento das relações entre alunos e professores e procura-se resolve-los através do uso de autoridade sem reflexão, da criação de regras impostas, da punição ou da transferência para a família ou especialistas. No entanto, os conflitos podem ser oportunidades para que os valores e as regras sejam trabalhados, já que são naturais nas relações entre os sujeitos.
"Seria importante a escola inserir em seu contexto o respeito pelo processo de desenvolvimento moral, não tachando mais certos comportamentos como violentos, mas como características de uma determinada fase da construção da autonomia da criança, pois, para que o sentimento de justiça se desenvolva, são necessários o respeito mútuo e a solidariedade entre as crianças e os adultos."
(trecho retirado do texto Significações de violência na Escola: Equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança? de Jaqueline Picetti, estudado na interdisciplina de Desenvolvimento e Aprendizagem sob o enfoque da Psicologia II)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O aluno como sujeito do seu processo de aprendizagem

“Na relação professor-aluno, o diálogo e as perguntas abrem o espaço novo das respostas que não foram preparadas. A pedagogia “bancária”, é verdade, dá maior segurança ao professor que pode estabelecer limites ao que será “transmitido”. A elaboração do saber, além dos puros conhecimentos, não se faz sem riscos, sem desafios, para além da segurança que nossas verdades prontas nos oferecem. Aliás, tanto na vida como na escola toda segurança é sempre precária, provisória, histórica”. (Gadotti, 2004, pág. 141).
Essa citação de Moacir Gadotti possibilita a reflexão sobre a necessidade do educador de aperfeiçoamento, de mudança de pensamento, compreendendo que, nos dias atuais, suas certezas arraigadas não servem mais para atender o objetivo da educação, ou seja, formar cidadãos críticos, questionadores, participativos e sujeitos do seu processo de aprendizagem.
A segurança que essas certezas trazem deixam o educador mais seguro, porém estão deixando os alunos desestimulados, indisciplinados e sem interesse na aprendizagem. Observo muito isso nas séries finais, já que no turno da manhã trabalho como bibliotecária e tenho substituído alguns professores. Ouvi de uma turma de 6ª série: “A gente não agüenta mais copiar do livro, toda aula tem que copiar do livro e responder perguntas, isso é muito chato.” Por outro lado escuto dos professores: “ A turma 61 é impossível, não querem nada com nada, só bagunça”.
Como, nos dias de hoje, com a tecnologia a todo vapor, um professor apenas propõe aos alunos copiarem do livro? Eles só podem responder fazendo bagunça.
É necessário mudar esse pensamento, utilizando diferentes linguagens em suas aulas, ouvindo os alunos, trabalhando com a pesquisa, com a expressão oral, com a ludicidade, com a cooperação, interagindo com o aluno e possibilitando que ele seja sujeito do seu processo de aprendizagem. Quem sabe não seria o caminho para diminuir a indisciplina?
Essa semana estou concluindo meu estágio com muitas expectativas positivas de continuar um trabalho que permite aos alunos construírem suas aprendizagens através da tecnologia, da música, do teatro, da pesquisa, da expressão oral, da leitura, das brincadeiras, ou seja, aprendendo a aprender com alegria, com prazer, com emoção, com cooperação e principalmente como sujeitos desse processo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Em busca da autonomia

Trabalhamos nessa semana sobre os hábitos de higiene, após as pesquisas, reflexões, construções de cartazes a proposta era de construir uma história sobre o tema, confeccionar os personagens e apresentar, mas na hora de formar os grupos surgiu um conflito. Um menino disse: “Prô, tu poderia formar os grupos." Questionei por que, afinal eles sempre escolhem seus grupos. Ele respondeu que havia alguns colegas que sempre ficavam juntos e que ele achava melhor trocar os grupos e trabalhar com outros colegas. Perguntei à turma se concordavam, a maioria disse que sim. Questionei sobre o que poderíamos fazer, disseram que era melhor a professora escolher. Sugeri então, que fizéssemos um sorteio. Aceitaram a proposta e trabalharam nos grupos com interação e colaboração, mas algumas crianças me perguntam muitas decisões que precisam tomar, ainda não conseguem decidir isso no grupo, precisam da aprovação da professora. Sempre devolvo a pergunta dizendo que precisam decidir juntos o que será melhor para o grupo. É difícil trabalhar a autonomia na escola quando não há continuidade do trabalho, ou seja, alguns professores trabalham para desenvolve-la e outros não. É necessário que esse seja um projeto de toda a escola.
Na escola, desde os tempos mais antigos, as crianças não são estimuladas a pensar e tomar decisões, ao contrário, são levadas a obedecer e dar respostas prontas, memorizadas.
Por isso através do trabalho em grupo, do respeito à opinião das crianças, das reflexões proporcionadas pelos questionamentos e da relação afetiva entre professor e aluno é possível o desenvolvimento da autonomia. Sobre isso Célia Barros dos diz:
“Quando os adultos não castigam as crianças por seus erros, mas usam diálogo, trocando pontos de vista com elas, estão desenvolvendo a sua autonomia, a capacidade de tomar decisões por si mesmas, levando em consideração o ponto de vista das outras pessoas. As crianças que são estimuladas a tomar decisões são encorajadas a pensar. O oposto da autonomia é a heteronomia: seguir as opiniões de outras pessoas. Muitos adultos não se desenvolveram, mantiveram-se intelectualmente heterônomos e acreditam no que lhes dizem, sem fazer perguntas. Aceitam conclusões ilógicas, slogans e propagandas, sem questioná-los”. (Barros, 1996, pág. 33).

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Educando e educador, sujeitos no processo de aprendizagem

Nessa semana quando estavam elaborando as perguntas para a entrevista com a professora Arlete, professora de Ciências das séries finais, uma aluna fez um questionamento e eu respondi que não sabia, não tinha como responder naquele momento, mas que iria pesquisar, assim como eles, a resposta. Ela disse: “Esse trabalho é legal porque a senhora também aprende junto com a gente."
Fiquei com essa frase em meu pensamento e acredito que ela comprova o que é dito em muitas teorias sobre a importância das trocas e da interação entre professor e aluno. "Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender." (FREIRE, 1996, pág. 23).
Da mesma forma aconteceu durante a entrevista. A professora Arlete foi convidada para uma entrevista por dois grupos dos P. A. s para falar sobre o tema animais e surgiram perguntas que ela disse no momento não saber responder, tinha dúvidas , então pediu que eles escrevessem em um papel, eles entregaram a ela que disse que iria pesquisar e voltaria para dar as respostas, disse que iria aprender junto com eles.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O trabalho em grupo

A proposta de pesquisa sobre temas que partem do interesse das crianças é valiosa para que elas aprendam a buscar novas leituras, estabelecer relações entre diferentes textos pesquisados, por exemplo:um dos grupos dos P.A.s está pesquisando sobre os animais do fundo do mar. Eles pesquisaram no computador textos informativos e na biblioteca também pesquisaram informações, porém em um livro com textos de poesias, assim fizeram comparações com os diferentes textos, observando a diferença na linguagem e a semelhança no tema.
Por isso a importância do trabalho em grupo, sem esquecer que o trabalho individual em certos momentos também é necessário, que permite a construção coletiva do conhecimento, que leva a criança a compreender que nem todos têm a mesma opinião e que a opinião de cada um é importante e precisa ser respeitada.Porém na idade em que estão meus alunos(8-10 anos) ainda é difícil para alguns aceitarem as opiniões dos colegas e aí surgem os conflitos.Em um dos grupos dos P.A.s os colegas reclamam de um dos componentes que quer fazer as coisas do jeito que ele acha que deve ser, os outros naõ aceitam e começa uma briga. Preciso, às vezes, interferir e explicar que precisam chegar a um acordo sobre o que será melhor para o trabalho e que precisam ouvir a opinião de todos e discutirem.
Os conflitos podem ser positivos para o crescimento do grupo, mas é fundamental a participação do professor acompanhando os grupos, fazendo questionamentos, provocando reflexões e dando sugestões para que o trabalho não torne-se uma divisão de tarefas sem discussão.
Enfim o trabalho em equipe é um treino da capacidade de ouvir e respeitar opiniões diferentes, o que ajuda a desenvolver a autonomia e é através das vivências em grupo que a criança vai aprendendo a aprender de maneira cooperativa.
"A cooperação só acontece na aceitação do outro". ( Maturana, 1993).
Na semana passada, quando recebemos a visita do professor Paulo e da Tutora Bianca, os grupos estavam tão entusiasmados com seus trabalhos que nem pararam durante a visita, interagiram com os visitantes de forma natural, explicando e argumentando sobre suas descobertas.
Para Vigotski " o desenvolvimento do individuo acontece no convivio social, ou seja, no contato e na interação com outros individuos. A prática do trabalho em grupo ou momentos que oportunizem a troca de experiências e de conhecimentos entre os colegas aprendizes são estratégias que vem de encontro à ótica da pedagogia construtivista."

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A alegria e o prazer em aprender

" As crianças nos surpreendem em muitas situações, especialmente quando se estabelece desafios, as crianças mostram-nos que sabem como caminhar rumo ao entendimento. Uma vez que as crianças sejam auxiliadas a perceber a si mesmas como autoras ou inventoras, a descobrir o prazer da investigação, sua motivação e interesse explodem." (Edwards, Gandinni e Forman 1999:76).
Realmente as crianças são muito espertas e curiosas. Querem saber sobre coisas que nem imaginamos e fazem perguntas das mais simples às mais complexas.
Quando questionei sobre o que gostariam de saber ouve uma "chuva" de curiosidades, sendo eleitas pelos alunos os Planetas e os Animais( como nascem, curiosidades e como vivem os animais do fundo do mar). Dessa forma formamos quatro grupos e iniciamos nossos Projetos de Aprendizagem com pesquisas, observação de imagens e videos, entrevistas e organização das descobertas de forma sistematizada através da construção de um livrinho. Esse trabalho ainda está em andamento e propicia muitas reflexões, pois se pensarmos nas crianças aprendendo todas a mesma coisa ao mesmo tempo, algumas compreendendo, outras não, imóveis, sem trocar experiências, apenas copiando e memorizando conteúdos não veremos a empolgação, a alegria, as discussões, as trocas que favorecem uma aprendizagem cooperativa e o respeito à opinião dos colegas.
Estou encantada com as descobertas que meus alunos estão fazendo e muito satisfeita com a construção da aprendizagem de cada um deles, alguns mais rápidos outros mais lentos, cada um no seu tempo, através da sistematização de seus P.A.s, pois trabalham de maneira interdisciplinar. Um exemplo de um fato muito simples para nós, mas nem tão simples assim para eles foi a descoberta de que é a Terra que gira em torno do Sol, quando iniciaram suas pesquisas acreditavam que era o Sol que girava em torno da Terra.
Com certeza, no ensino tradicional, seguimos uma lista de conteúdos, que não quero aqui dizer que não sejam necessários,mas ficamos muito fechados nesses conteúdos, trabalhando de forma fragmentada e no trabalho com os P.A.s é diferente.O trabalho é integrado e parte do interesse dos alunos, o que faz com que eles tenham vontade de buscar informações. Não trabalharia os Planetas com minha turma, pois não é conteúdo da série, porém através desse P.A., meus alunos e confesso que eu também temos aprendido muito.
Aproveitando o tema exploro a escrita, a leitura, noções de espaço, trago propostas matemáticas com desafios envolvendo o assunto, enfim está sendo uma experiência motivadora que torna os alunos sujeitos ativos do seu processo de aprendizagem.
"... nas condições de verdadeira aprendizagem os educandos vão de transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo." ( Freire, 1996, pág. 26).

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A construção de conceitos através da ação

A atividade de hoje na sala de informática foi pesquisar sobre uma profissão. O site pesquisado oferecia muitas profissões, cada dupla deveria escolher uma profissão para fazer sua pesquisa.
Na sala de aula as duplas fizeram mímicas para que os colegas tentassem descobrir qual era a profissão escolhida e após relataram informações que descobriram sobre essa profissão. Durante esses relatos os colegas participaram complementando os relatos com seus conhecimentos e fazendo questionamentos uns para os outros e para a professora.
No final formulamos, de forma coletiva, alguns conceitos que foram registrados nos cadernos.
Sobre Trabalho: " Trabalho é aquilo que a pessoa faz para ganhar dinheiro e se sustentar, mas ela precisa gostar do seu trabalho."
Sobre Profissões:"Todas as profissões são importantes, mas a pessoa precisa ter habilidades para escolher uma profissão."
Segundo Vygotsky(1987:71,72 e 74) " Os conceitos se formam e se desenvolvem sob condições internas e externas totalmente diferentes, dependendo do fato de se originarem de aprendizado da sala de aula ou experiência pessoal da criança(...) Um conceito é mais do que a soma de certas conexões associativas formadas pela memória, é mais do que um simples hábito mental; é um ato real do complexo de pensamento que não pode ser ensinado por meio de treinamento(...); pois o desenvolvimento dos conceitos pressupõe o desenvolvimento de muitas funções intelectuais: atenção deliberada, memória lógica, abstração, capacidade de comparar e diferenciar(...)".
Isso quer dizer que para apreender conceitos é importante propor situações interessantes e compartilhar entre todos suas descobertas. Na proposta de trabalho desenvolvida hoje as crianças partiram da ação através das pesquisas, leituras, trocas de opiniões, observação de imagens, após apresentaram suas descobertas compartilhando com os colegas, refletindo através dos questionamentos e finalmente construindo seus próprios conceitos. A criança precisa agir para compreender e formular conceitos.
Com certeza, pela longa experiência que tenho, posso afirmar que esse trabalho foi muito mais produtivo do que simplesmente passar um texto no quadro, ler e fazer exercícios.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A matemática que permite duvidar

Hoje o que chamou minha atenção na sala de aula foi uma atividade realizada por uma aluna a partir de uma proposta de trabalho de matemática. A proposta foi que cada criança criasse uma história matemática(um problema)para um colega resolver. A história precisava ser coerente para que o colega compreendesse e deveria ter uma pergunta para ser respondida.
Tenho trabalhado com a turma problemas não-convencionais, ou seja, problemas sem solução e outros com excesso de dados, onde nem todas as informações disponíveis no texto são usados em sua resolução. Mas, apesar disso, a maioria da turma criou problemas convencionais, aqueles onde os alunos utilizam, mecanicamente, os números apresentados no texto, sem refletir ou analisá-los com atenção.
Uma menina criou um problema com excesso de dados, o que me surpreendeu e comprovou ser um inicio de uma mudança na concepção de que a matemática é abstrata, exata, uma repetição de exercícios sem significado para uma visão da matemática que permite duvidar, o que leva ao desenvolvimento do pensamento critico.
" A aprendizagem da matemática precisa adequar-se aos reclamos substanciais da dinâmica da aprendizagem, implicando pesquisa e elaboração própria, feitura de textos e principalmente habilidade de interpretação autônoma. Esta posição afasta-se drasticamente da matemática dos macetes e dos vestibulares, valorizando a matemática como expressão fundamental do saber pensar."( Demo, 1995).
Por isso, preciso continuar pensando e criando propostas de trabalho onde a matemática seja compreendida e utilizada na vida da criança.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Aprendizagens

A relação teoria e prática, que às vezes parece tão difícil de ser observada, pode acontecer através de pequenos gestos ou em situações bem simples. Observei isso essa semana através da intervenção de um aluno com uma simples fala: " Prô, isso tem na internet". A partir dessa fala modifiquei meu planejamento e proporcionei às crianças a oportunidade de construção de um conhecimento de forma mais significativa do que seria no planejamento inicial. Esse é o papel do professor, mediador, que deve estar atento aos acontecimentos na sala de aula, pois os mesmos podem contribuir no processo de ensino aprendizagem e complementar o planejamento.Segundo Freire " Ao educador e à educadora, cabe o favorecimento para que aprendizagem crítica ocorra, para isso o respeito aos educandos, considerando-os como, também, sujeitos do processo, é fundamental, assim como adoção de postura de falar com o outro e não a ele".
Quando fizeram as pesquisas sobre os índios as crianças construiram suas conclusões e formaram conceitos, diferente do ensino tradicional, onde o aluno precisa sempre dar uma resposta memorizada. Através da cooperação, da ação e reflexão sobre essa ação o aluno aprende a pensar e fazer suas construções com autonomia. " É preciso ensinar os alunos a pensar, e é impossível aprender a pensar num regime autoritário. Pensar é procurar por si próprio, é criticar livremente e é demonstrar de forma autônoma. O pensamento supõe então o jogo livre das funções intelectuais e não o trabalho sob pressão e a repetição verbal. (Piaget, 1988).
Com certeza esse estágio está sendo muito prazeroso para mim, aprendo muito na troca com meus alunos. Quando escolheram o tema Planetas para estudar e realizar suas pesquisas achei que não daria certo, pensei que seria muito difícil,com textos de difícil compreensão. Porém, não foi dessa forma na prática. Ao contrário, os sites pesquisados eram específicos para crianças, com uma linguagem acessível e apresentaram o conteúdo de forma lúdica. Aprendi muitas coisas sobre os planetas, que confesso se alguém me perguntasse eu não saberia responder.
Sendo assim a aprendizagem dessa semana foi: não devo subestimar a capacidade dos meus alunos.
"O professor, além de ensinar, passa a aprender; e o aluno, além de aprender, passa a ensinar". Paulo Freire.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Relação afetiva entre professor e aluno

Gostei muito do questionamento dessa semana , pois esse é um tema que me faz refletir e acreditar, cada vez mais, nas relações humanas.
Comentei em uma postagem anterior que tenho como objetivo pessoal continuar desenvolvendo um trabalho baseado na relação afetiva entre professor e aluno. O questionamento foi se a relação afetiva é algo necessário na escola onde trabalho.
Não há dúvida de que nos dias atuais há uma grande necessidade de inovação na prática pedagógica realizada em sala de aula, pois no ensino tradicional os temas a serem estudados partem do professor, seguem os conteúdos programáticos das disciplinas, oportunizando pouca cooperação, mantendo o aluno como receptor e o professor como transmissor de informações, não há trocas, colaboração, interação e nem são levados em conta os conhecimentos prévios dos alunos.
Diante disso surge a possibilidade de inovação pedagógica através do trabalho com os Projetos de Aprendizagem, Arquiteturas pedagógicas que contam com suporte tecnológico, onde o tema a ser estudado parte dos alunos de forma individual ou em grupos, juntamente com os professores. Na escolha dos assuntos, leva-se em conta a curiosidade e as dúvidas dos alunos. O desenvolvimento é elaborado pelo grupo de alunos e professores. O professor é um mediador que problematiza, desafia os alunos, tornando-os agentes do processo de construção do conhecimento. O trabalho é baseado na pesquisa, interação e cooperação.
Porém, antes de qualquer inovação, arquitetura pedagógica ou Projeto de aprendizagem, que são extremamente necessários, está a relação afetiva positiva entre professor e aluno. Ela é a base para o sucesso da aprendizagem e construção do conhecimento significativo. Quando existe uma relação afetiva positiva entre o professor e seus alunos, eles sentem segurança, não têm medo de expor suas idéias, de serem criticados e trabalham com a idéia do erro como parte do processo de aprendizagem. No entanto quando essa relação é baseada na autoridade, existe a insegurança, o medo da crítica, o medo de expor seus pensamentos e suas dúvidas, aumenta a ansiedade do aluno, atrapalha sua aprendizagem e gera situações de indisciplina.
Sendo assim e respondendo ao questionamento, a relação afetiva não é algo necessário na minha escola, mas em qualquer ambiente educacional.
Para Piaget (1980), vida afetiva e vida cognitiva são inseparáveis, embora distintas, já que o ato de inteligência pressupõe uma regulação energética interna (interesse, esforço, facilidade, etc), o interesse e a relação afetiva entre a necessidade e o objeto susceptível de satisfaze-la.
Com relação à “contagiar” os colegas, certamente é à vontade de que demonstrem interesse pela inovação, pela utilização da tecnologia em suas aulas, que consigam ouvir um pouco mais seus alunos e planejar trabalhos de acordo com os desejos de aprendizagem dos mesmos, que consigam diminuir a distância entre professor e aluno e entender o currículo não como forma de priorizar o desenvolvimento cognitivo, excluindo a relação humana, o afeto, mas como forma de trabalhar com um planejamento flexível , sujeito a mudanças, uma avaliação diversificada , um tempo para ouvir as experiências e dúvidas dos alunos e principalmente criar um ambiente cooperativo e afetivo na sala de aula. Com certeza os colegas das séries iniciais são mais abertos ao novo, enquanto os das séries finais apresentam maior resistência ao novo e é onde surgem as maiores dificuldades na aprendizagem.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Aprendizagens

Essa semana, na sala de informática, aprendi na troca com meus alunos. Quando fui mostrar, no teclado, as flechas que indicam a direção dos personagens nos jogos, um aluno disse: "Prô, isso da pra fazer apertando na tecla Z, W e A", ou seja, a aprendizagem ocorre através da interação.
Quando pensei na proposta de trabalhar ortografia e criei uma legenda com pontuação, não imaginei que uma simples atividade fosse motivar tanto as crianças, que querem realiza-la todos os dias. Na Interdisciplina de Ludicidade e Educação aprendi a entender, com outro olhar, o conceito de lúdico, pois acreditava que o lúdico eram jogos e brincadeiras e agora comprovo, na prática, que atividades lúdicas são aquelas que integram a ação, o pensamento e o sentimento e oportunizam a construção da aprendizagem por meio da alegria e do prazer.
A atividade inicial realizada com o dado diariamente não faz parte de atividades tradicionais, pois essas preocupam-se mais com os resultados, com o produto final e de forma lúdica o mais importante é a ação, a experiência que está sendo vivida pela criança. Dessa forma os alunos participam ativamente da construção da sua aprendizagem com autonomia e cooperação, deixando de ser simplesmente sujeitos passivos que apenas reproduzem as informações transmitidas pelos professores.
Se alguém ficar curioso, posso relatar a atividade com o dado.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Na sala de informática

Não poderia deixar de registrar aqui meu primeiro dia com os alunos em uma sala de informática. Foi uma experiência interessante, pois tivemos muitos sentimentos nesse momento. As crianças, de alegria, euforia e ansiedade em ligar o computador e começar logo a "estudar". Eu, de satisfação, alegria,ansiedade e medo também,não deixei as crianças ligarem os computadores hoje, apenas mostrei a sala, expliquei o funcionamento do computador e aprendi também, já que alguns têm um grande conhecimento e contato com o computador. Brincamos de digitar os nossos nomes, o nome da escola, dos nossos brinquedos preferidos, das nossas comidas preferidas. Como eles queriam muito ver o computador ligado, resolvi ligar apenas um e entrei no google, pequisamos sobre jogos e jogamos um jogo da memória. Foi uma euforia geral, mas acredito que esse momento foi muito mais marcante na minha vida profissional do que para as crianças, pois para muitas o computador já é parte de suas realidades e para o meu trabalho pedagógico foi a primeira experiência.
Sei que a utilização da tecnologia abre a sala de aula para o mundo,pois possibilita o desenvolvimento das potencialidade dos alunos, seus diferentes tipos de habilidades e atitudes, mas também é importante lembrar que não devo apenas utilizar recursos tecnológicos, mas utilizá-los com objetivos e finalidades que serão significativas para atender as necessidades dos alunos.
Enfim, preciso aprender muito sobre o que fazer, como fazer, qual é a melhor maneira de trabalhar, de expor os resultados e acreito que, através da experimentação é que descobrirei tudo isso. Amanhã voltaremos lá para continuar nossas descobertas, espero estar mais segura, mas estou muito satisfeita em ter essa oportunidade de aprender e ensinar de forma lúdica e prazerosa.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Expectativas pessoais em relação ao estágio

Minhas expectativas em relação ao estágio são:
Assumir uma postura desafiadora no processo de ensino-aprendizagem de meus alunos e aprender com eles, já que não tenho domínio total dos recursos da tecnologia para ensinar;
Continuar desenvolvendo um trabalho baseado na relação afetiva entre professor e alunos, pois acredito na capacidade de todos de acordo com suas habilidades e possibilidades, procurando sempre superá-las;
Conseguir "contagiar" os colegas com propostas inovadoras, apesar da grande resistência existente, já que essa é a única maneira da educação deixar de ser mera transmissão de conhecimentos, os alunos não apresentam nenhum interesse em aprender dessa forma, o que gera uma grande indisciplina, ou seja, o aluno só construirá conhecimento se ele agir e problematizar a sua ação.

terça-feira, 30 de março de 2010

Arquiteturas pedagógicas

Essa semana estive conversando com algumas colegas sobre meu estágio e falei sobre arquiteturas pedagógicas. Foi um espanto esse termo, todas perguntaram o que era uma arquitetura pedagógica. Confesso que não senti muita segurança em dar essa resposta, pois tudo que é novo gera insegurança e dúvidas, mas tenho certeza que não há uma receita pronta para ser aplicada na prática, o que há são descobertas e aprendizagens que acontecem durante o processo, através da interação entre professor-aluno e do objeto de aprendizagem.
Então, em casa, voltei à teoria estudada e fiz outras pesquisas para refletir sobre essa questão.
No texto Arquiteturas pedagógicas para educação a distância de Marie Jane Soares Carvalho, Rosane Aragon de Nevado e Crediné Silva de Menezes destaquei que " As arquiteturas pedagógicas são, antes de tudo, estruturas de aprendizagem realizadas a partir da confluência de diferentes componentes: abordagem pedagógica, software educacional, internet, inteligência artificial, Educação a Distância, concepção de tempo e espaço. O caráter dessas arquiteturas pedagógicas é pensar a aprendizagem como um trabalho artesanal, construido na vivência de experiências e na demenda de ação, interação e meta-reflexão do sujeito sobre os fatos, os objetos e o meio ambiente socioecológico( Kerckhove,2003). Seus pressupostos curriculares compreendem pedagogias abertas, capazes de acolher didáticas flexíveis, maleáveis, adaptáveis a diferentes enfoques temáticos."
Dessa forma, acredito que o objetivo maior de uma arquitetura pedagógica seria um rompimento com o ensino tradicional, onde o aluno é sujeito passivo e o professor transmissor de informações para um ensino inovador, onde o aluno é sujeito ativo na construção do conhecimento e o professor é mediador desse processo, trazendo sempre desafios que permitam aos alunos discutirem, trocarem idéias e encontrarem soluções. Um ensino baseado na interação e na cooperação. Uma arquitetura pedagógica necessita, para desenvolver seus objetivos, de um suporte tecnológico, onde será possível promover esse conhecimento e essa interação, também, através da tecnologia com o uso de computadores e de todas as ferramentas oferecidas por ele, formando uma rede de aprendizagens e de relações.
Professores, Anice e colegas, ainda tenho muitas dúvidas sobre como será aplicar tudo isso na prática. Será que estou entendendo corretamente o que são arquiteturas pedagógicas?

quinta-feira, 25 de março de 2010

ESTÁGIO - 2010

Nossa! Como o tempo passou rápido!
Parece que foi ontem que começamos e já estamos chegando na reta final, após 3 anos e meio de muita força de vontade, confiança, estudos e principalmente das grandes amizades que fizemos.
Lembro do inicio do curso, quando precisamos criar um blog, abrir um e-mail, fazer pesquisas e utilizar os recursos oferecidos pela tecnologia. Isso tudo era motivo de pânico para a maioria da turma, inclusive para mim. Meus filhos diziam " Mãe, aprende a digitar com as duas mãos", enquanto eu ficava clicando, com apenas um dedo, em letra por letra. Hoje eles dizem "Nem parece aquela que digitava letra por letra."
Como evoluimos, como aprendemos e não foi só em relação à tecnologia, pois apesar de tudo o que aprendemos ainda temos muito o que aprender.Aprendemos a estudar e construir nossos conhecimentos de forma coletiva através das trocas, aprendemos a repensar nossas idéias trocando experiências entre nós e entendendo as coisas através de outros pontos de vista. Aprendemos a estudar de uma forma flexível, onde os professores e tutores não tiveram o papel de apenas transmitir conteúdos, mas de trazerem desafios que nos fizessem refletir.
Através de nossa prática profissional foi mais fácil fazer as relações entre teoria e prática e compreender que a teoria não é apenas um conjunto de conceitos que não servem para nada, como muitos dizem, mas que ela está presente em nosso dia-a-dia e nós não nos damos conta disso.
Enfim tivemos a oportunidade de refletir sobre nossa prática e agora, através do estágio, vamos demonstrar o que mudamos e como entendemos a educação hoje.
Hoje entendo que a aprendizagem não ocorre ao mesmo tempo para todos os alunos, que cada um possui seu próprio tempo, que é possível sim, trabalhar a multiplicação e a divisão desde a 1ª série, que a criança aprende muito mais através do lúdico, que a experiência precisa acontecer antes da teoria, que é possível planejar de acordo com o estágio de desenvolvimento de aprendizagem de cada criança, que não existe receita pronta, nós iremos descobrindo e aprendendo junto com os alunos. Essas são algumas, estre tantas coisas que esse curso me possibilitou entender de outra forma. Espero demonstrar isso durante a realização do estágio.