quinta-feira, 29 de abril de 2010

A matemática que permite duvidar

Hoje o que chamou minha atenção na sala de aula foi uma atividade realizada por uma aluna a partir de uma proposta de trabalho de matemática. A proposta foi que cada criança criasse uma história matemática(um problema)para um colega resolver. A história precisava ser coerente para que o colega compreendesse e deveria ter uma pergunta para ser respondida.
Tenho trabalhado com a turma problemas não-convencionais, ou seja, problemas sem solução e outros com excesso de dados, onde nem todas as informações disponíveis no texto são usados em sua resolução. Mas, apesar disso, a maioria da turma criou problemas convencionais, aqueles onde os alunos utilizam, mecanicamente, os números apresentados no texto, sem refletir ou analisá-los com atenção.
Uma menina criou um problema com excesso de dados, o que me surpreendeu e comprovou ser um inicio de uma mudança na concepção de que a matemática é abstrata, exata, uma repetição de exercícios sem significado para uma visão da matemática que permite duvidar, o que leva ao desenvolvimento do pensamento critico.
" A aprendizagem da matemática precisa adequar-se aos reclamos substanciais da dinâmica da aprendizagem, implicando pesquisa e elaboração própria, feitura de textos e principalmente habilidade de interpretação autônoma. Esta posição afasta-se drasticamente da matemática dos macetes e dos vestibulares, valorizando a matemática como expressão fundamental do saber pensar."( Demo, 1995).
Por isso, preciso continuar pensando e criando propostas de trabalho onde a matemática seja compreendida e utilizada na vida da criança.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Aprendizagens

A relação teoria e prática, que às vezes parece tão difícil de ser observada, pode acontecer através de pequenos gestos ou em situações bem simples. Observei isso essa semana através da intervenção de um aluno com uma simples fala: " Prô, isso tem na internet". A partir dessa fala modifiquei meu planejamento e proporcionei às crianças a oportunidade de construção de um conhecimento de forma mais significativa do que seria no planejamento inicial. Esse é o papel do professor, mediador, que deve estar atento aos acontecimentos na sala de aula, pois os mesmos podem contribuir no processo de ensino aprendizagem e complementar o planejamento.Segundo Freire " Ao educador e à educadora, cabe o favorecimento para que aprendizagem crítica ocorra, para isso o respeito aos educandos, considerando-os como, também, sujeitos do processo, é fundamental, assim como adoção de postura de falar com o outro e não a ele".
Quando fizeram as pesquisas sobre os índios as crianças construiram suas conclusões e formaram conceitos, diferente do ensino tradicional, onde o aluno precisa sempre dar uma resposta memorizada. Através da cooperação, da ação e reflexão sobre essa ação o aluno aprende a pensar e fazer suas construções com autonomia. " É preciso ensinar os alunos a pensar, e é impossível aprender a pensar num regime autoritário. Pensar é procurar por si próprio, é criticar livremente e é demonstrar de forma autônoma. O pensamento supõe então o jogo livre das funções intelectuais e não o trabalho sob pressão e a repetição verbal. (Piaget, 1988).
Com certeza esse estágio está sendo muito prazeroso para mim, aprendo muito na troca com meus alunos. Quando escolheram o tema Planetas para estudar e realizar suas pesquisas achei que não daria certo, pensei que seria muito difícil,com textos de difícil compreensão. Porém, não foi dessa forma na prática. Ao contrário, os sites pesquisados eram específicos para crianças, com uma linguagem acessível e apresentaram o conteúdo de forma lúdica. Aprendi muitas coisas sobre os planetas, que confesso se alguém me perguntasse eu não saberia responder.
Sendo assim a aprendizagem dessa semana foi: não devo subestimar a capacidade dos meus alunos.
"O professor, além de ensinar, passa a aprender; e o aluno, além de aprender, passa a ensinar". Paulo Freire.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Relação afetiva entre professor e aluno

Gostei muito do questionamento dessa semana , pois esse é um tema que me faz refletir e acreditar, cada vez mais, nas relações humanas.
Comentei em uma postagem anterior que tenho como objetivo pessoal continuar desenvolvendo um trabalho baseado na relação afetiva entre professor e aluno. O questionamento foi se a relação afetiva é algo necessário na escola onde trabalho.
Não há dúvida de que nos dias atuais há uma grande necessidade de inovação na prática pedagógica realizada em sala de aula, pois no ensino tradicional os temas a serem estudados partem do professor, seguem os conteúdos programáticos das disciplinas, oportunizando pouca cooperação, mantendo o aluno como receptor e o professor como transmissor de informações, não há trocas, colaboração, interação e nem são levados em conta os conhecimentos prévios dos alunos.
Diante disso surge a possibilidade de inovação pedagógica através do trabalho com os Projetos de Aprendizagem, Arquiteturas pedagógicas que contam com suporte tecnológico, onde o tema a ser estudado parte dos alunos de forma individual ou em grupos, juntamente com os professores. Na escolha dos assuntos, leva-se em conta a curiosidade e as dúvidas dos alunos. O desenvolvimento é elaborado pelo grupo de alunos e professores. O professor é um mediador que problematiza, desafia os alunos, tornando-os agentes do processo de construção do conhecimento. O trabalho é baseado na pesquisa, interação e cooperação.
Porém, antes de qualquer inovação, arquitetura pedagógica ou Projeto de aprendizagem, que são extremamente necessários, está a relação afetiva positiva entre professor e aluno. Ela é a base para o sucesso da aprendizagem e construção do conhecimento significativo. Quando existe uma relação afetiva positiva entre o professor e seus alunos, eles sentem segurança, não têm medo de expor suas idéias, de serem criticados e trabalham com a idéia do erro como parte do processo de aprendizagem. No entanto quando essa relação é baseada na autoridade, existe a insegurança, o medo da crítica, o medo de expor seus pensamentos e suas dúvidas, aumenta a ansiedade do aluno, atrapalha sua aprendizagem e gera situações de indisciplina.
Sendo assim e respondendo ao questionamento, a relação afetiva não é algo necessário na minha escola, mas em qualquer ambiente educacional.
Para Piaget (1980), vida afetiva e vida cognitiva são inseparáveis, embora distintas, já que o ato de inteligência pressupõe uma regulação energética interna (interesse, esforço, facilidade, etc), o interesse e a relação afetiva entre a necessidade e o objeto susceptível de satisfaze-la.
Com relação à “contagiar” os colegas, certamente é à vontade de que demonstrem interesse pela inovação, pela utilização da tecnologia em suas aulas, que consigam ouvir um pouco mais seus alunos e planejar trabalhos de acordo com os desejos de aprendizagem dos mesmos, que consigam diminuir a distância entre professor e aluno e entender o currículo não como forma de priorizar o desenvolvimento cognitivo, excluindo a relação humana, o afeto, mas como forma de trabalhar com um planejamento flexível , sujeito a mudanças, uma avaliação diversificada , um tempo para ouvir as experiências e dúvidas dos alunos e principalmente criar um ambiente cooperativo e afetivo na sala de aula. Com certeza os colegas das séries iniciais são mais abertos ao novo, enquanto os das séries finais apresentam maior resistência ao novo e é onde surgem as maiores dificuldades na aprendizagem.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Aprendizagens

Essa semana, na sala de informática, aprendi na troca com meus alunos. Quando fui mostrar, no teclado, as flechas que indicam a direção dos personagens nos jogos, um aluno disse: "Prô, isso da pra fazer apertando na tecla Z, W e A", ou seja, a aprendizagem ocorre através da interação.
Quando pensei na proposta de trabalhar ortografia e criei uma legenda com pontuação, não imaginei que uma simples atividade fosse motivar tanto as crianças, que querem realiza-la todos os dias. Na Interdisciplina de Ludicidade e Educação aprendi a entender, com outro olhar, o conceito de lúdico, pois acreditava que o lúdico eram jogos e brincadeiras e agora comprovo, na prática, que atividades lúdicas são aquelas que integram a ação, o pensamento e o sentimento e oportunizam a construção da aprendizagem por meio da alegria e do prazer.
A atividade inicial realizada com o dado diariamente não faz parte de atividades tradicionais, pois essas preocupam-se mais com os resultados, com o produto final e de forma lúdica o mais importante é a ação, a experiência que está sendo vivida pela criança. Dessa forma os alunos participam ativamente da construção da sua aprendizagem com autonomia e cooperação, deixando de ser simplesmente sujeitos passivos que apenas reproduzem as informações transmitidas pelos professores.
Se alguém ficar curioso, posso relatar a atividade com o dado.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Na sala de informática

Não poderia deixar de registrar aqui meu primeiro dia com os alunos em uma sala de informática. Foi uma experiência interessante, pois tivemos muitos sentimentos nesse momento. As crianças, de alegria, euforia e ansiedade em ligar o computador e começar logo a "estudar". Eu, de satisfação, alegria,ansiedade e medo também,não deixei as crianças ligarem os computadores hoje, apenas mostrei a sala, expliquei o funcionamento do computador e aprendi também, já que alguns têm um grande conhecimento e contato com o computador. Brincamos de digitar os nossos nomes, o nome da escola, dos nossos brinquedos preferidos, das nossas comidas preferidas. Como eles queriam muito ver o computador ligado, resolvi ligar apenas um e entrei no google, pequisamos sobre jogos e jogamos um jogo da memória. Foi uma euforia geral, mas acredito que esse momento foi muito mais marcante na minha vida profissional do que para as crianças, pois para muitas o computador já é parte de suas realidades e para o meu trabalho pedagógico foi a primeira experiência.
Sei que a utilização da tecnologia abre a sala de aula para o mundo,pois possibilita o desenvolvimento das potencialidade dos alunos, seus diferentes tipos de habilidades e atitudes, mas também é importante lembrar que não devo apenas utilizar recursos tecnológicos, mas utilizá-los com objetivos e finalidades que serão significativas para atender as necessidades dos alunos.
Enfim, preciso aprender muito sobre o que fazer, como fazer, qual é a melhor maneira de trabalhar, de expor os resultados e acreito que, através da experimentação é que descobrirei tudo isso. Amanhã voltaremos lá para continuar nossas descobertas, espero estar mais segura, mas estou muito satisfeita em ter essa oportunidade de aprender e ensinar de forma lúdica e prazerosa.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Expectativas pessoais em relação ao estágio

Minhas expectativas em relação ao estágio são:
Assumir uma postura desafiadora no processo de ensino-aprendizagem de meus alunos e aprender com eles, já que não tenho domínio total dos recursos da tecnologia para ensinar;
Continuar desenvolvendo um trabalho baseado na relação afetiva entre professor e alunos, pois acredito na capacidade de todos de acordo com suas habilidades e possibilidades, procurando sempre superá-las;
Conseguir "contagiar" os colegas com propostas inovadoras, apesar da grande resistência existente, já que essa é a única maneira da educação deixar de ser mera transmissão de conhecimentos, os alunos não apresentam nenhum interesse em aprender dessa forma, o que gera uma grande indisciplina, ou seja, o aluno só construirá conhecimento se ele agir e problematizar a sua ação.