quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Aspectos positivos e desafiadores do trabalho por Projetos

Os aspectos positivos e desafiadores do trabalho por Projetos estão relacionados à pesquisa, a autonomia do aluno, a flexibilização do planejamento, a relação professor-aluno e ao papel do professor como mediador desse processo, provocando desafios que levam o aluno a refletir e procurar soluções para os problemas, levando isso para o seu dia-a-dia.
Os temas partem das necessidades ou curiosidades dos alunos que buscam informações, pesquisam, trocam idéias, trabalham de forma cooperativa evitando a fragmentação. O aluno tem a liberdade de interferir no Projeto, aprendendo a negociar, conviver e buscar novas informações.
Enfim o verdadeiro trabalho com Projetos permite respeitar o tempo e o espaço de aprendizagem de cada pessoa e possibilita o desenvolvimento da aprendizagem significativa e contextualizada.
Hoje posso afirmar que na prática, não trabalhei realmente com Projetos, embora tivessem esse nome, eram Centros de Interesse.
Os Projetos de Ensino nas Séries Iniciais ou na Educação Infantil têm como grande desafio o trabalho cooperativo, a construção do conhecimento, a interação que gera socialização, discussão de hipóteses, respeito pelo colega, desenvolve a capacidade de argumentar e utilizam muito o lúdico em seu desenvolvimento. Nos Projetos a aprendizagem ocorre durante todo o processo e não simplesmente é “medida” através de uma avaliação final.
Em relação às diferenças acredito que a linguagem, os objetivos específicos e o desenvolvimento devem respeitar a etapa de pensamento das crianças, pois na Educação Infantil, por exemplo, as crianças fazem seus registros através de desenhos, construções ou através da escrita feita pelo professor e nas séries iniciais, além disso, as crianças registram de acordo com suas hipóteses de escrita.
Enfim, o processo e o objetivo principal são os mesmos, apenas o desenvolvimento tem algumas diferenças, relacionadas ao nível de pensamento dos alunos.

domingo, 25 de outubro de 2009

Reflexões

Desde que iniciei esse curso tenho estudado em quase todas as interdisciplinas e venho refletindo muito sobre como acontece o processo de aprendizagem dos alunos, procurando fazer relações com minha prática.
O que tenho pensado muito ultimamente é que nem todos aprendem a mesma coisa ao mesmo tempo e a minha formação inicial, há mais de vinte anos, não possibilitou essa reflexão, sendo assim venho trabalhando as mesmas coisas com todos ao mesmo tempo. Hoje entendo que é necessário buscar alternativas para atender as necessidades de cada aluno, respeitar seu tempo, ou seja, é necessário uma maior flexibilização no trabalho. É necessário que os conteúdos tenham significado para os alunos, modificando uma prática centrada apenas na exercitação e fixação, pois o aluno que não consegue trabalhar dessa forma apresenta dificuldades na construção de sua aprendizagem, tornando-se um "problema". Normalmente coloca-se a "culpa" na estrura familiar, na situação econômica, no próprio aluno, mas dificilmente na prática pedagógica exercida na sala de aula.
Essa é uma mudança necessária, não é fácil, mas é necessária e para que isso aconteça o primeiro passo é a reflexão e mudança de concepções dos educadores, para depois trabalhar na prática com a interação, a cooperação , levando os alunos a participarem ativamente da construção de idéias, conceitos e valores e partindo da idéia de que todos podem aprender, mas a seu modo e a seu ritmo, explorando as habilidades e possibilidades e não ficar centrado nas dificuldades.Uma das possibilidades de trabalhar dessa forma é através do PA.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Contando histórias

Hoje vou relatar uma atividade que fiz com algumas crianças da escola e da minha família: pedi que me contassem uma história, ouvi e fiz alguns questionamentos. Normalmente trabalhamos contando histórias, mas dificilmente paramos para ouvir e essa atividade foi muito prazerosa para mim, pois tive a oportunidade de ouvir as crianças e aprender que dessa forma é possivel desenvolver e valorizar a linguagem oral,a criatividade e ainda perceber que durante a narrativa a criança pode estar expressando seus próprios sentimentos ou conhecimentos. Gostei muito desse trabalho e escolhi uma das histórias para transcrever e analisar. Segue abaixo:

Transcrição da narrativa
A bela e a fera

Era uma vez uma princesa chamada Cinderela. Uma vez ela tava com o vô dela e daí ela foi sair, foi comprar uns livros.
Lá vou eu passear. Eu tava passeando com meu vô e fui num castelo i incontrei um dragão i ele disse bem assim: Vou ti come todinha i botou ela de castigo no seu quarto e depois disse assim: Bota uma roupa bem bonita e vamo janta. E ela disse: Não, não, não vou, você é um velho maldito.
Daqui a pouco o dragão disse: Vai toma um banho e ela disse: Não vo sai desse quarto, só quando você se bonzinho comigo. Daí ele tinha um potinho com uma flor e daí de dia ele virava um homem normal e bonzinho, um príncipe. Daqui a pouco ele disse: Eu nunca mais vo se mal com você.
E eles se deram um beijo e foram felizes para sempre.

FIM.

Brenda - 6 anos




Análise da narrativa


A criança que relatou a história é aluna do 1º ano e demonstra ter bastante contato com a escrita, com histórias contadas em casa e na escola e muita imaginação.
Na história relatada há uma mistura de personagens de diferentes histórias como a bela, a fera, a Cinderela, o dragão e também a presença do avô, da compra de livros, do botar de castigo que mostram a inferência que a criança fez da realidade, do seu cotidiano, o que comprova sua autoria da história.
Apareceram na história os elementos básicos da narrativa: Era uma vez e foram felizes para sempre, bem como a repetição de expressões que dão continuidade à história como daí, daí, então, daqui a pouco.
Na narrativa é possível observar o sincretismo, ou seja, a liberdade de associar elementos da realidade segundo critérios pessoais, pautados principalmente por afetividade, observação e imaginação.
As crianças têm muitos conhecimentos, informações, sentimentos e podem expressa-los através das narrativas de histórias. Por isso a importância de valorizar a linguagem oral, permitir que contem suas histórias e parar para ouvi-las, possibilitando uma interação com a criança, fazendo questionamentos que estimulem a continuidade da história, sem a preocupação se o que ela conta é verdade ou invenção, mas embarcar na aventura.
O adulto deve ter o cuidado de não tirar conclusões precipitadas sobre as narrativas, pois a criança falar sobre brigas, castigos, por exemplo, não quer dizer que isso aconteça na casa dela.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Leitura e escrita como práticas sociais

De acordo com Paulo Freire \ “a alfabetização é um ato e conhecimento, no qual aprender a ler e escrever já não são, pois, memorizar sílabas, palavras ou frases, mas refletir criticamente sobre o próprio processo de ler e escrever e sobre o profundo significado da linguagem.\” ·Na prática encontramos ainda a simples transmissão de conteúdos, com trabalhos individualizados e descontextualizados. De acordo com o texto \ “...poucos aprendem com competência e o nível de ganho de consciência é sempre muito baixo.\"
Sendo assim é necessário que se reconheça o significado da leitura e da escrita além da leitura e escrita de palavras isoladas, fragmentadas e sem relação com o contexto, é necessário utilizar no processo de aprendizagem as experiências vivenciadas pelos alunos no seu cotidiano para que possam fazer relações e dar sentido às informações, construindo efetivamente conhecimento e utilizando esses conhecimentos, de forma critica, no seu dia-a-dia.
Emilia Ferreiro e Ana Teberoski trazem a importância de conhecer os níveis de pensamento e perceber como os alunos entendem o processo de escrita. A partir daí é que se deve planejar o trabalho, pois, de acordo com o texto\ “... os alunos que não se alfabetizam podem estar sendo submetidos a um processo inadequado, que conflitua com seu próprio modo de perceber a escrita.\" Por isso, a importância de compreender que as pessoas não aprendem todas a mesma coisa ao mesmo tempo e trabalhar com diferentes portadores de textos e não só com materiais convencionais, ou seja, tipos de textos que sejam significativos para os alunos, despertando seu interesse e motivação. Também é importante destacar a necessidade da aprendizagem cooperativa e coletiva, com interação e troca de experiências.