segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Reflexões sobre a importância do lúdico na aprendizagem.

Já se fala há muito tempo no lúdico, mas pouco se faz. Agora com essa oportunidade de leituras, reflexões, debates estou aprendendo e construindo uma nova visão sobre a ludicidade. A maneira como a professora Tânia se expressou na entrevista me fez pensar na seriedade e na importância do lúdico em qualquer fase da vida.

Temos a idéia de ludicidade apenas como diversão ou que para ser atividade lúdica precisa de brinquedo. Hoje vejo que isso não é real, pois até uma atividade de recorte e colagem pode ser lúdica, já que lúdico é aquilo que envolve a ação e a emoção e que se realiza com alegria e prazer, possibilitando o desenvolvimento da criatividade, a busca da solução para os problemas apresentados ou criados pelo próprio sujeito.

Esse ano estou vivenciando uma nova experiência, trabalhar com o 1º ano do ensino fundamental de 9 anos ( crianças de 6 anos), tenho feito um trabalho baseado no lúdico, que promove a comunicação de idéias e sentimentos a partir do movimento criativo, do gesto, da expressão corporal, plástica e musical. E agora, chegando ao final desse trabalho, posso concluir que brincando a criança aprende, brincando de forma espontânea, livre e também de forma dirigida. O professor, baseado nas observações das brincadeiras, pode fazer as intervenções necessárias, instigando cada vez mais as crianças para que façam novas descobertas.

No outro turno trabalho com uma turma de 2º ano (crianças com 7anos) em período de alfabetização, já trabalho há muitos anos com alfabetização e muitas coisas estão internalizadas por isso, talvez, seja tão difícil a mudança. Tentei trabalhar de forma mais prazerosa e lúdica, mas ainda não consegui agir como fiz com a turma da tarde. Parece que há uma cobrança maior e uma necessidade de atividades tradicionais e nessas atividades nos preocupamos mais com o resultado, com o produto enquanto nas atividades lúdicas o mais importante é a ação, a experiência que está sendo vivida pela criança. Sinto que pode ser diferente, mas preciso mudar internamente e acreditar que, assim como na turma de 1º ano a aprendizagem ocorreu de forma natural, prazerosa, divertida pode acontecer também com a turma de 2º ano. Não é fácil, mas estou acreditando que é possível e para o próximo ano espero que, aos poucos, aconteçam mudanças em minha prática. Para isso é preciso uma fundamentação teórica que trará aquisição de novos conhecimentos e a partir daí criar uma necessidade (o lúdico) para impulsionar a ação.

De acordo com Leni Vieira Dornelles “Onde está o movimento da descoberta, do prazer, da alegria, da vida, das emoções e do encantamento que rodeiam a vida de muitas de nossas crianças? Muitas vezes damos lugar em nossas salas de aula apenas para o controle, a privação, a punição, a vigilância, o governo de si e do outro. Precisamos, em muitos casos, também resgatar o espaço do lúdico pelo lúdico, passear para curtir o que está ao nosso redor, assistir a um filme apenas por assistir, ouvir ou contar histórias ou teatros pelo mágico que eles carregam, curtir uma praça para poder rolar na grama, curtir o que é inerente a cada um desses espaços e não apenas para chegarmos na sala e termos que desenhar o que se viu ou ouviu, contar na hora da novidade o que as crianças mais gostaram no passeio, contar o que aconteceu no início, meio e fim da história, do teatro. Parece que tudo, na escola, está sendo excessivamente pedagogizado, perdendo-se a idéia de prazer, que está inerente a cada atividade da criança, o prazer do brincar e esquecemos que : olhar, curtir, tocar, experimentar faz parte do ser criança, faz parte da descoberta da infância e da construção de novos sujeitos-criança.”.

2 comentários:

Nara de Oliveira disse...

Oi Lígia:
Hoje fiz uma coisa a qual não tenho o hábito:ver os portfolios dos colegas e iniciei pelo teu. Lendo estas tuas reflexões também me pego numa situação complicada, eu não tive professores que trabalhassem comigo através do lúdico, raros foram tais momentos e no curso de Magistério, também não tive experiências ricas neste sentido, começo a vislumbrar agora, mas me sinto ainda presa ao tradicional, não sei se por medo ou insegurança, mas creio que sairemos mais abertas a novas práticas.
Bjus!!!!!

Janaína Siviero Ribeiro disse...

Oi, Lígia!

Tua postagem está muito legal! Os teus relatos da prática estão muito bem relacionados com os conceitos das interdisciplinas. PARABÉNS!

Além disso, tu fazes uma reflexão crítica da tua prática, o que é muito difícil para algumas pessoas. Acredito que esse é o principal objetivo do portfólio, que vocês contem e percebam as mudanças que estão ocorrendo na sala de aula de vocês.

Tu poderias colocar fotos que registrem as atividades que tu tens feito com os teus alunos. O que achas?

Um abraço,

Janaína