sexta-feira, 27 de novembro de 2009

De face com a EJA

Realizamos um trabalho onde tínhamos como objetivo, após o embasamento teórico, observar uma prática de Alfabetização de Jovens e Adultos em espaço escolar e a partir daí refletir sobre as possíveis relações entre teoria e prática

A pesquisa foi realizada com uma turma de 6ª série de Jovens e Adultos.
Após as leituras e a observação prática, percebemos que:
*A maioria dos professores possui graduação e pós-graduação, ou seja, possuem formação e ainda assim realizam um trabalho centrado no professor, pois não levam em conta os saberes dos alunos, planejando sem pensar em estratégias e conteúdos voltados para a identidade desses sujeitos.
Ainda quanto ao planejamento a maioria dos professores retira atividades da internet ou de revistas para professores e utiliza folhas xerocadas como principal recurso. Não há um embasamento teórico, o que é fundamental, é importante definir qual é a concepção de conhecimento que norteia o trabalho do professor. De acordo com Marta Kohl de Oliveira “Em relação à aprendizagem é importante considerar que o adulto traz consigo diferentes habilidades e dificuldades (em comparação com a criança) e, provavelmente, maior reflexão sobre seus próprios processos de aprendizagem”.
Para Paulo Freire “é necessário basear um trabalho que parta da realidade e dos interesses do aluno, bem como vise à sua conscientização e autonomia.”

*Em relação à avaliação, predomina uma avaliação classificatória, baseada em provas, ainda que com consultas. O trabalho em sala de aula é individualizado, apesar do diálogo e das trocas entre os professores e alunos, ainda não é um trabalho baseado na aprendizagem cooperativa. Ainda se acredita que o conhecimento ocorre da maneira igual para todos, desconsiderando diferenças culturais, especificidades de faixa etária, pensamento e experiências de cada um.
Acreditamos que falta a interação, onde os alunos aprendam a argumentar, respeitar pontos de vista diferentes dos seus e colaborar uns com os outros, pois essa troca de experiências gera a cooperação, que desenvolve a autonomia e permite ao aluno ser sujeito ativo na construção do seu processo de aprendizagem.
Falta também maior autonomia dos professores, já que os mesmos fazem parte de instituições submetidas à ideologia política, econômica e empresarial de cada momento histórico.
Finalmente a proposta de trabalho com a EJA deve ir muito além da memorização. De acordo com Regina Hara “O ato de escrever é indissociável da função expressiva e comunicativa da escrita, e, portanto das coisas do mundo, do que há para expressar e comunicar na vida”.

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Olá, Ligia:

Interessante esta observação. Deu para perceber bem o que falta e o quanto os recursos utilizados são ainda precários.

Chegaram a dar algum retorno da observação para os próprios docentes? Talvez seria interessante conversar de maneira suave sobre algumas constatações, até para ver até onde eles querem mudar ou podem mudar.

Abraço, Anice.