quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Temas Geradores

Paulo Freire, em sua prática pedagógica com alfabetização de adultos, construiu o método de ensino que partia de temas geradores, ou seja, palavras significativas, que tinham relação com as experiências de vida dos alunos.
A aula não era um ato mecânico de cópia e memorização, mas um momento de reflexão sobre os problemas vivenciados pelos alunos, onde eles eram desafiados a expressarem suas opiniões, resolver problemas e aprender a ler e escrever através dessa realidade e com o uso de múltiplas linguagens, não apenas a oral e a escrita, mas a expressão corporal, a construção, a música, o desenho e outras.
Dessa forma a alfabetização passa a fazer sentido na vida dos alunos, que vão tendo consciência da importância da sua participação na transformação de situações de opressão e dominação.
Para Freire a alfabetização não vai apenas possibilitar ao aluno ler e escrever, mas auxilia-lo na compreensão do que está lendo e escrevendo.
Os temas geradores partem de palavras do cotidiano de vida dos alunos, descartando o uso de cartilhas, como algo muito infantilizante e distante do contexto de vida dos alunos.
O trabalho com temas geradores inicia com discussões sobre um tema ou problema levantado pelo grupo. Esse momento é coletivo e os alunos trabalham com recursos diversificados (revistas, jornais, filme, música...). O professor desafia todos os alunos a darem sua contribuição considerando o saber de cada um. Num segundo momento há um trabalho de exercícios de leitura e escrita elaborados com palavras significativas das discussões e considerando os diferentes níveis de leitura e escrita dos estudantes, ou seja, respeitando que nem todos aprendem a mesma coisa ao mesmo tempo, mas cada um tem seu próprio tempo.
A vantagem do tema gerador é à busca de soluções para a coletividade, pois as discussões e propostas encaminhadas na aula beneficiam toda a comunidade e possibilitam ao aluno deixar de ser um simples expectador para ser sujeito ativo nessas resoluções, já que, de acordo com o texto “o problema discutido exige resposta, não só no nível intelectual, mas no nível da ação.”
Como disse Frei Betto “Agora Ivo vê a uva, a parreira e todas as relações sociais que fazem do fruto festa no cálice de vinho...”, ou seja, longe do Ivo que vê a uva, do Ivo que vê o ovo, Paulo Freire mostrou que ao Ivo que seus saberes e sua participação não são insignificantes, mas necessários e complementares a outros saberes.

Um comentário:

Geny disse...

Querida aluna Ligia Passos,

Parabéns, você entendeu muito bem o método, só para ilustrar suas reflexões, as palavras geradoras no processo proposto por Paulo Freire inicia-se pelo levantamento do universo vocabular dos alunos seguindo três etapas:
1. Etapa de Investigação: busca conjunta entre professor e aluno das palavras e temas mais significativos da vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive.
2. Etapa de Tematização: momento da tomada de consciência do mundo, através da análise dos significados sociais dos temas e palavras.
3. Etapa de Problematização: etapa em que o professor desafia e inspira o aluno a superar a visão mágica e a crítica do mundo, para uma postura conscientizada.

* As Palavras Geradoras e as Etapas devem levá-la a pensar nos PROJETOS DE APRENDIZAGEM, que é uma tônica da proposta do Seminário Integrador!

Agradeço suas postagens!
Um grande abraço,
Geny Schwartz da Silva
PEAD/FACED/UFRGS