terça-feira, 20 de abril de 2010

Relação afetiva entre professor e aluno

Gostei muito do questionamento dessa semana , pois esse é um tema que me faz refletir e acreditar, cada vez mais, nas relações humanas.
Comentei em uma postagem anterior que tenho como objetivo pessoal continuar desenvolvendo um trabalho baseado na relação afetiva entre professor e aluno. O questionamento foi se a relação afetiva é algo necessário na escola onde trabalho.
Não há dúvida de que nos dias atuais há uma grande necessidade de inovação na prática pedagógica realizada em sala de aula, pois no ensino tradicional os temas a serem estudados partem do professor, seguem os conteúdos programáticos das disciplinas, oportunizando pouca cooperação, mantendo o aluno como receptor e o professor como transmissor de informações, não há trocas, colaboração, interação e nem são levados em conta os conhecimentos prévios dos alunos.
Diante disso surge a possibilidade de inovação pedagógica através do trabalho com os Projetos de Aprendizagem, Arquiteturas pedagógicas que contam com suporte tecnológico, onde o tema a ser estudado parte dos alunos de forma individual ou em grupos, juntamente com os professores. Na escolha dos assuntos, leva-se em conta a curiosidade e as dúvidas dos alunos. O desenvolvimento é elaborado pelo grupo de alunos e professores. O professor é um mediador que problematiza, desafia os alunos, tornando-os agentes do processo de construção do conhecimento. O trabalho é baseado na pesquisa, interação e cooperação.
Porém, antes de qualquer inovação, arquitetura pedagógica ou Projeto de aprendizagem, que são extremamente necessários, está a relação afetiva positiva entre professor e aluno. Ela é a base para o sucesso da aprendizagem e construção do conhecimento significativo. Quando existe uma relação afetiva positiva entre o professor e seus alunos, eles sentem segurança, não têm medo de expor suas idéias, de serem criticados e trabalham com a idéia do erro como parte do processo de aprendizagem. No entanto quando essa relação é baseada na autoridade, existe a insegurança, o medo da crítica, o medo de expor seus pensamentos e suas dúvidas, aumenta a ansiedade do aluno, atrapalha sua aprendizagem e gera situações de indisciplina.
Sendo assim e respondendo ao questionamento, a relação afetiva não é algo necessário na minha escola, mas em qualquer ambiente educacional.
Para Piaget (1980), vida afetiva e vida cognitiva são inseparáveis, embora distintas, já que o ato de inteligência pressupõe uma regulação energética interna (interesse, esforço, facilidade, etc), o interesse e a relação afetiva entre a necessidade e o objeto susceptível de satisfaze-la.
Com relação à “contagiar” os colegas, certamente é à vontade de que demonstrem interesse pela inovação, pela utilização da tecnologia em suas aulas, que consigam ouvir um pouco mais seus alunos e planejar trabalhos de acordo com os desejos de aprendizagem dos mesmos, que consigam diminuir a distância entre professor e aluno e entender o currículo não como forma de priorizar o desenvolvimento cognitivo, excluindo a relação humana, o afeto, mas como forma de trabalhar com um planejamento flexível , sujeito a mudanças, uma avaliação diversificada , um tempo para ouvir as experiências e dúvidas dos alunos e principalmente criar um ambiente cooperativo e afetivo na sala de aula. Com certeza os colegas das séries iniciais são mais abertos ao novo, enquanto os das séries finais apresentam maior resistência ao novo e é onde surgem as maiores dificuldades na aprendizagem.

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Olá, Ligia:

Assim como pressupõe-se que a prática deva ter um respaldo teórico prévio; a relação entre professor e aluno deva ter uma relação afetiva prévia, para que haja aprendizagem e é exatamente por isso que afirmas que o afeto é tão fundamental, não é mesmo?

Grande abraço, Anice.