sexta-feira, 8 de maio de 2009

Reflexões sobre o filme O Clube do Imperador

O filme O Clube do Imperador conta à história de um colégio interno para rapazes onde um professor, Hundert, é apaixonado pela sua disciplina: História e usa personagens históricos como exemplos para moldar a personalidade dos alunos com atitudes corretas, honestas e verdadeiras.
Mas no decorrer do filme surgem alguns conflitos morais que abalam o professor. Uma das cenas onde o professor está diante de um conflito moral é quando ele fica em dúvida entre manter a ordem dos classificados para o concurso ou trocar essa ordem em benefício de um aluno em quem ele estava apostando.
Descrevendo mais especificamente o conflito moral. O professor recebe um novo aluno, muito arrogante, filho de um senador milionário, que está sempre em confronto com ele. Esse aluno torna-se um grande desafio para o professor, que o considera muito inteligente e aposta nele forjando uma classificação no concurso, pois no momento de decidir pelos três finalistas, esse aluno está em quarto lugar, com apenas um ponto de diferença do terceiro lugar, então o professor inverte a ordem para que esse aluno possa participar do concurso. Ele fica em conflito, mas decide agir desonestamente acreditando na possibilidade de mudar o caráter desse aluno. Mais uma vez entra em conflito quando descobre que o aluno está colando durante a etapa final do concurso e que sua tentativa não deu certo. Como solução para esse conflito resolve mudar a pergunta final e assim, honestamente, o aluno mais preparado vence o concurso.
Essa atitude do professor de trocar a ordem dos classificados causa remorso e ele convive com isso durante 25 anos, quando ele tem a oportunidade de contar a verdade ao verdadeiro aluno que deveria estar entre os finalistas do concurso e esse demonstra entender a atitude do professor, confirmando isso quando leva o seu filho para estudar na mesma escola e com esse professor.
Os princípios morais envolvidos nessa decisão envolvem a crença do professor no aluno rebelde, a confiança depositada nele, verdade x mentira, honestidade x desonestidade, justiça x injustiça.
Julgar a decisão do professor de forjar a classificação é um verdadeiro dilema, pois por um lado se o aluno em quem ele investiu e acreditou tivesse aproveitado essa oportunidade, poderia ter se tornado uma pessoa honesta, verdadeira, com princípios morais, mas por outro lado ele foi injusto com o aluno que deveria estar em terceiro lugar e viveu muitos anos de sua vida com esse remorso. A decisão de trocar a pergunta final, acredito que foi moralmente correta, pois ele sabia que o aluno estava colando e se fizesse a pergunta que estava na ordem certa, esse aluno seria vitorioso sem méritos para isso, assim ele estaria conivente com a farsa,com a desonestidade e estaria contra seus princípios morais. Trocando a pergunta, o professor foi justo com a aluno que havia estudado e que venceu por seus próprios méritos.
Refletindo com nossa prática: Até que ponto, nós professores, podemos influenciar no caráter e nas atitudes dos nossos alunos?
O professor concluiu que , sozinho, não teve força para mudar o caráter do seu aluno, já que os exemplos que ele tinha na família eram de falta de caráter, trapaças e conquistas baseadas em interesses financeiros.
Acredito ser um pouco sonhadora, pois eu também trocaria a ordem da classificação se acreditasse na possibilidade do meu aluno e também por saber que o outro teria muitas outras chances na vida, mas esse aluno talvez não tivesse outra oportunidade de tentar aprender a ser melhor. Podemos falhar, mas nunca deixar de acreditar na capacidade de cada um.

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