quinta-feira, 14 de maio de 2009

Relato de experiência

Até o ano de 2004, desde que iniciei minhas atividades profissionais em 1985, não tinha
trabalhado com crianças com necessidades educacionais especiais. No ano de 2005 foi minha primeira experiência com uma criança que apresentava uma deficiência mental chamada de atraso no desenvolvimento neuro-psico-motor. Quando fui comunicada que essa criança seria meu aluno, fiquei bastante ansiosa e cheia de dúvidas, mas aceitei o desafio, pois sempre acreditei que todos têm direito à educação. Essa criança falava poucas palavras e as que falava eram pela metade, não olhava nos olhos de quem falava com ele, fazia movimentos repetitivos, não tinha coordenação motora, pintava o desenho na folha e a mesa junto, não tinha limites, quando tinha que recortar picava a folha toda e não aceitava realizar atividades diferenciadas, queria fazer a mesma atividade das outras crianças.
Eu fazia atividades diferenciadas em certos momentos e as mesmas atividades da turma em outros, mas estava muito frustrada, meu sentimento era de impotência. Conversei com a família e descobri que ele já estava em tratamento com uma psicóloga e uma fonoaudióloga, já tinha feito consultas com neurologistas, ou seja, a parte clinica estava sendo tratada. Procurei conhecer esses profissionais e tive um incentivo para continuar meu trabalho. Conversando com a equipe da Educação especial da Secretaria de Educação da época, ouvi delas que não existiam receitas prontas e que eu continuasse meu trabalho com aquilo que eu achasse que seria importante trabalhar com meu aluno. Fiquei ainda mais frustrada e ansiosa, mas continuei o trabalho e o aluno obteve alguns progressos significativos naquele ano. Hoje, com mais experiência, entendo melhor o que significava não existem receitas prontas, pois cada caso é um caso e tem suas peculiaridades, necessidades e potencialidades.A educação de pessoas com necessidades educacionais especiais é um desafio que deve ser enfrentado por todos aqueles que acreditam na possibilidade do desenvolvimento social, afetivo, motor e cognitivo dessas crianças.
Continuo trabalhando com crianças com necessidades especiais, inclusive esse mesmo aluno que relatei ter sido minha primeira experiência está novamente comigo esse ano, estou sempre procurando auxílio para essas crianças e há poucos dias conseguimos, além da sala de aula, um atendimento especializado para eles no turno inverso à aula, com uma professora especialista em deficiência mental. Espero que possamos trabalhar de forma cooperativa, fazendo com que a inclusão ocorra de fato.

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